8 Out, 2018

Médica luso-descendente lidera equipa que recebe prémio de gastroenterologia

Uma equipa liderada pela médica lusodescendente Carla Dias foi distinguida com o Prémio Nacional de Gastroenterologia da Venezuela, Dr. Joel Valência Parpacen, por um trabalho de investigação profissional naquela especialidade, disse a própria à Agência Lusa.

“O prémio foi um reconhecimento pelo nosso trabalho sobre o tratamento endoscópico dos pólipos grandes com a técnica de citorredução em pacientes com Síndrome de Peutz-Jeghers (SPJ) complicados com obstrução intestinal”, explicou.

Segundo Carla Dias, o trabalho que justificou o prémio atribuído pela Sociedade Venezuelana de Gastroenterologia, teve como base áreas de interesse da sua especialidade como a “endoscopia, diagnóstico e terapia, técnicas para o estudo do intestino delgado, vídeo-cápsula e enteroscopia por balão”.

A equipa que realizou a investigação é composta ainda pelos médicos Jorge Landaeta, Virgínia Armas e Ornnella Tempestini e contou com o apoio da Policlínica Metropolitana, a Clínica Santiago de León e a GastroExpress.

Em declarações à Agência Lusa, Carla Dias explicou ainda que o dia a dia dos médicos na Venezuela “é de muito sacrifício” e envolve responsabilidades com doentes e também com colegas na fase da aprendizagem. Por outro lado, sublinhou que uma das coisas que a caracterizam como filha de portugueses, são os valores transmitidos pelos pais. “A disposição para o trabalho e a persistência até atingir as metas (…) qualidades importantes, que nos caracterizam e definem como lusodescendentes”, disse.

Com 48 anos e quase 25 de carreira profissional, Carla Dias faz parte da junta diretiva da Associação de Médicos Lusodescendentes da Venezuela, que foi criada em 2003 com fins académicos e profissionais, e que está integrada por mais de 250 especialistas de 30 especialidades médicas, com trabalhos de investigação científica já publicados e reconhecidos nacional e internacionalmente.

Esta associação lidera atualmente a Rede Portuguesa de Assistência Médica e Social a luso venezuelanos afetados pela crise e que precisam de ajuda e assistência do Governo português. Segundo Carla Dias, os “lusodescendentes são uma mais-valia para Portugal e poderiam contribuir para distintas atividades da vida portuguesa”.

“Contamos com profissionais de rigor, reconhecidos internacionalmente, mas praticamente ignorados por Portugal e que poderiam ser a chave para solucionar diversas situações, em áreas como a saúde, para o qual bastaria simplesmente prestar atenção (facilitar) às equivalências”, frisou.

Falando sobre a imagem que tem da terra dos seus pais, Portugal, diz que conheceu o país antes de entrar na Comunidade Económica Europeia, que “o país se desenvolveu, mas que às vezes projeta uma imagem de pequenino”.

LUSA

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