23 Set, 2019

Metade da população mundial não terá acesso a cuidados de saúde em 2030

Será este o cenário caso o investimento continue a ser insuficiente, advertiu a Organização Mundial de Saúde (OMS).

Num relatório divulgado na véspera do debate, na Assembleia Geral das Nações Unidas, sobre a adoção da Declaração sobre Cobertura Universal de Saúde, a decorrer esta segunda-feira, a OMS alertou que os países devem aumentar o gasto com a saúde em pelo menos 1% do Produto Interno Bruto (PIB) para atingir a meta da universalidade até 2030. Na nota, destacou ainda que “a maioria daquelas [5 mil milhões] pessoas são pobres e desfavorecidas”.

“Se quisermos mesmo atingir a meta da cobertura universal e da melhoria da vida das pessoas, temos de levar a sério os cuidados de saúde primários”, assinala o diretor geral da organização sediada em Genebra, Tedros Adhanom Ghebreyesus.

“Isso significa providenciar serviços de saúde essenciais, como vacinação, cuidado pré-natal, conselhos para um estilo de vida saudável, o mais perto possível das populações, garantindo que as pessoas não têm de pagar estes serviços dos seus próprios bolsos”, acrescentou.

Segundo a informação, na próxima década, o mundo tem de duplicar o investimento em saúde, se quiser atingir o objetivo de saúde para todos.

Atualmente, o investimento mundial na saúde ronda os 6,8 mil milhões de euros – aumentá-lo em 5% “pode potencialmente salvar 60 milhões de vidas, aumentar a esperança de vida em 3,7 anos até 2030 e contribuir significativamente para o desenvolvimento socioeconómico”.

A maior fatia desse investimento deverá ser garantida pelos próprios Estados, mas a OMS reconhece que isso não será possível nos países menos desenvolvidos, nomeadamente nos que estão em situação de conflito.

Por outro lado, a OMS alerta que a pressão financeira que o gasto com a saúde representa para muitas famílias piorou nos últimos 15 anos. Cerca de 925 milhões de pessoas gastam mais de 10% dos seus salários em cuidados de saúde e outras 200 milhões mais de 25%, referiu a OMS.

“É chocante ver que cada vez mais população a lutar para sobreviver porque está a gastar demasiado com cuidados de saúde, mesmo nas economias avançadas”, observou, por seu lado, o secretário-geral da Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Económico (OCDE), Ángel Gurría.

“Os únicos sítios onde isso não está a acontecer são os países que investem mais e mais eficazmente na saúde”, frisou.

SO/Lusa

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