13 Mai, 2022

Internamentos sociais aumentam 23% e já ocupam mais de mil camas do SNS

Depois do esforço feito na fase mais difícil da pandemia, os números demonstram que se voltou a recuar nas respostas a estes internamentos, diz o presidente da Associação Portuguesa de Administradores Hospitalares, Alexandre Lourenço.

Mais de 1.000 camas dos hospitais públicos estavam ocupadas em março com pessoas que não necessitariam de estar internadas, um aumento de 23% face ao mesmo mês de 2021, representando um custo de quase 19,5 milhões de euros.

Os dados do 6.º Barómetro de Internamentos Sociais, promovido pela Associação Portuguesa de Administradores Hospitalares (APAH), revelam que no passado dia 16 de março estavam internadas de forma inapropriada nos hospitais portugueses 1.048 pessoas, mais 195 face ao período homólogo do ano passado.

As regiões de Lisboa e Vale do Tejo (34%) e Norte (47%) são as regiões com maiores taxas de internamentos inapropriados, sendo responsáveis, em conjunto, por mais de oito em cada 10 casos de doentes internados, mas já com alta clínica.

Estes casos representavam 6,3% do total de internamentos nos hospitais do Serviço Nacional de Saúde (excluindo unidades psiquiátricas) e têm um custo estimado de quase 19,5 milhões de euros para o Estado, o que compara com 16,3 milhões em março de 2021.

“Extrapolando este cenário para o conjunto do ano, os internamentos inapropriados podem ter um impacto financeiro de cerca de 124,5 milhões de euros”, refere o estudo realizado pela APAH em parceria com a EY e o apoio institucional da Sociedade Portuguesa de Medicina Interna e da Associação dos Profissionais de Serviço Social.

O estudo, que contou com a participação de 38 hospitais, num total de 19.335 camas hospitalares, correspondentes a 89% do total, a nível nacional, decorreu, tal como no ano anterior, em contexto pandémico, pelo que também considera dados dos internamentos de doentes infetados, com as perguntas desagregadas em internamentos covid-19 e internamentos não covid-19.

A recolha de dados para o Barómetro, que ocorreu este ano durante a quinta vaga da pandemia, cerca de um mês depois de o Governo ter decretado o alívio de algumas restrições, mostra 31.311 dias de internamentos inapropriados (mais 8% face à edição anterior).

Para os autores do estudo, este número espelha “o elevado impacto deste fenómeno no prolongamento da ocupação das camas em ambiente hospitalar, assim como o aumento dos tempos de espera para internamentos programados, resultando na degradação dos cuidados de saúde”.

Apesar do aumento do total de dias, a demora média nacional por episódio caiu face ao ano passado para 29,9 dias por episódio (33,6 dias em março de 2021), referem os autores do estudo em comunicado.

Relativamente às causas dos internamentos sociais, a falta de resposta da Rede Nacional de Cuidado Continuados Integrados foi apontada como responsável por mais de metade dos casos, à semelhança das anteriores edições do barómetro quepretende “monitorizar e caracterizar este fenómeno crítico no sistema de saúde português e reforçar a importância do desenvolvimento de soluções conjuntas entre as diferentes entidades envolvidas, de forma a minimizar os impactos e melhorar o serviço de saúde”.

Na mais recente análise, este fator explica 59% dos internamentos injustificados (67% no caso dos internamentos relacionados com a covid-19), estando entre as principais causas referidas em todas as regiões do país.

Para o presidente da APAH, Alexandre Lourenço, citado no comunicado, estes resultados demonstram que se voltou a recuar nas respostas aos internamentos inapropriados face ao que ocorreu durante a pandemia em que ficou demonstrado que a saúde e a segurança social podem trabalhar juntas.

O facto de o número de casos total ter aumentado face ao ano passado, embora no caso específico de doentes com covid-19 ter descido, aponta para um desafio estrutural, salienta.

LUSA

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