Faculdade do Porto recruta participantes para testar probiótico na hiperatividade e défice de atenção
O objetivo é avaliar os efeitos da suplementação em crianças dos 6 aos 12 anos com perturbação da hiperatividade e défice de atenção.

A Faculdade de Medicina da Universidade do Porto (FMUP) já começou a recrutar participantes diagnosticados com perturbação de hiperatividade e défice de atenção (PHDA) para este estudo clínico randomizado, que pretende determinar a eficácia deste suplemento alimentar de nova geração, aprovado pelas autoridades competentes (Lactobacillus Plantarum PS128™), quando tomado uma vez por dia, oralmente (em pó), durante 12 semanas.
“Queremos perceber se a intervenção com um probiótico poderá melhorar alguns sintomas da PDHA, como hiperatividade, desatenção, impulsividade e desregulação emocional”, explica Joana Ferreira-Gomes, professora e investigadora da FMUP e i3S.
Lembre-se que as crianças com PHDA têm dificuldades no controlo e regulação das suas emoções e podem apresentar patologias associadas, como perturbações de aprendizagem e abuso de substâncias, além de enfrentarem um estigma que ainda persiste. “O objetivo é melhorar a qualidade de vida das crianças com PHDA, através do desenvolvimento de novas ferramentas terapêuticas que modulem a flora intestinal, tendo como alvo o eixo microbiota intestino-cérebro”, indica.
De acordo com Sofia Pinto, nutricionista pediátrica e investigadora da FMUP, o suplemento nutricional que está a ser testado já demonstrou efeitos positivos no espetro do autismo, em estudos realizados noutros países. Em Portugal, ainda não existe qualquer estudo do género.
Na sua deslocação à FMUP, os participantes e seus encarregados de educação terão de preencher questionários. As crianças farão uma avaliação neuropsicológica com acompanhamento de profissionais. Além disso, serão avaliadas do ponto de vista nutricional e farão colheita de saliva, urina, fezes e sangue, preferencialmente, para comparação de diferentes parâmetros, como a inflamação, antes e depois da toma do suplemento.
Este ensaio, aprovado pela Comissão de Ética da ULS São João, surge na sequência do projeto “M2CHILD”, desenvolvido na FMUP, que avaliou crianças entre os seis e os dez anos, com e sem PHDA, tendo concluído que “as crianças com PHDA apresentam mais comportamentos agressivos por impulso relacionados com problemas de autocontrolo e sintomas depressivos”.
Os interessados em participar neste estudo deverão manifestar o seu interesse e a sua disponibilidade através de formulário disponível no site do projeto, em https://m2child.med.up.pt/.
A PHDA, uma perturbação do neurodesenvolvimento, é diagnosticada, habitualmente, no início da idade escolar. Muito frequente a nível mundial, estima-se que afete cerca de 7% da população.
Maria João Garcia
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