Estudo sobre o desenvolvimento das Células T vence 10.ª edição do Prémio Crioestaminal em Investigação Biomédica

O projeto vencedor foca-se no estudo do timo, o órgão especializado na produção de células T que reagem contra agentes patogénicos e são tolerantes aos tecidos do organismo.

O projeto “Identification of Thymic Epithelial Stem Cells in vivo”, liderado pelo investigador Nuno Alves, do Instituto de Biologia Molecular e Celular (IBMC)/ Instituto de Investigação e Inovação em Saúde (i3S), é o vencedor da 10.ª edição do Prémio Crioestaminal em Investigação Biomédica, um prémio no valor de 20 mil euros.

O projeto vencedor foca-se no estudo do timo, o órgão especializado na produção de células T que reagem contra agentes patogénicos e são tolerantes aos tecidos do organismo. Com a idade, a produção de células T diminui, tornando a resposta imunológica menos eficaz contra novas agressões e aumentando a probabilidade de o organismo gerar células T que atacam os próprios tecidos (autoimunidade). Há também um grande interesse na utilização destas células em imunoterapia e no desenvolvimento de vacinas e terapêuticas para o tratamento de doenças infeciosas, cancerígenas e autoimunes, mas esses avanços estão dependentes de um conhecimento mais profundo da diferenciação das células T no timo.

O projeto vencedor propõe olhar para as células epiteliais tímicas (TECs) que proporcionam um ambiente próprio essencial para o desenvolvimento das células T, sendo capazes de reagir diferencialmente a agentes estranhos e a componentes do próprio organismo. Apesar do papel fundamental das TEC no estabelecimento da resposta imunitária, os detalhes moleculares que regulam a sua função in vivo continuam grandemente desconhecidos. A equipa de investigadores propõe aqui uma abordagem holística para estudar o desenvolvimento e função das TEC, integrando o estudo dos processos moleculares que ocorrem a nível celular com a análise de modelos animais.

“Os objetivos deste estudo são a identificação das células progenitoras das TEC, assim como a descoberta de novos componentes moleculares que regulem a sua autorrenovação e diferenciação”, referiu o investigador Nuno Alves.

“Os nossos estudos têm o potencial de contribuir para um dos grandes desafios da Imunologia Moderna – reparar e regenerar a função do timo através da regulação funcional das TECs. Isto representaria um importante avanço nas Ciências da Saúde”, acrescenta.

Nuno Alves é investigador principal no Instituto de Investigação e Inovação em Saúde (i3S), no Porto. Licenciou-se em Biologia pela Universidade do Porto, em 2000 e completou o doutoramento em Imunologia no Academisch Medisch Centrum, Universidade de Amsterdão, com o apoio de uma bolsa do programa doutoral GABBA. Em seguida obteve uma bolsa de longa-duração da EMBO para desenvolver a sua investigação pós-doutoral no Institut Pasteur, em Paris. Em 2010 regressou a Portugal ao abrigo do programa Ciência2008 e iniciou o seu grupo de investigação independente no Instituto de Biologia Molecular e Celular (IBMC), no Porto. Em 2014 estabeleceu o seu grupo no i3S/IBMC, onde é atualmente apoiado por uma ECR Starting Grant e detém a posição de investigador principal ao abrigo do programa Investigador FCT. O trabalho do seu laboratório foca-se no estudo da diferenciação das células epiteliais tímicas (TECs) que desempenham um papel crucial no desenvolvimento das células T e na aquisição de tolerância imunológica.

A 10.ª edição do Prémio Crioestaminal em Investigação Biomédica distinguiu ainda com duas Menções Honrosas as investigadoras Rita Fior, da Fundação Champalimaud, com o projeto “Molecular Mechanisms of Innate Immune Evasion and Recognition”, e Susana Solá, do Instituto de Investigação do Medicamento da Universidade de Lisboa (iMed.ULisboa), com o projeto “Metabolic Control of Neural Repair by Diet and Gut Microbiome during Aging”.

O Prémio Crioestaminal em Investigação Biomédica, que resulta da parceria entre a Crioestaminal e a Associação Viver a Ciência, visa distinguir e apoiar projetos de jovens investigadores, portugueses ou estrangeiros, doutorados há mais de três anos e há menos de dez, que se proponham a realizar um projeto de investigação autónomo, na área da Biomedicina numa instituição portuguesa.

COMUNICADO

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