10 Mar, 2022

Estudo. Até a infeção leve por SARS-CoV-2 pode provocar alterações cerebrais

Pessoas que tiveram covid-19 perdem uma percentagem mais elevada de massa cerebral ao longo dos anos em comparação com os indivíduos não-infetados.

Pessoas que são infetadas por SARS-CoV-2 podem sofrer alterações estruturais, funcionais e cognitivas no cérebro, mesmo se a infeção não for considerada moderada ou grave, mostra um estudo publicado na revista Nature.

Para explorar os efeitos da covid-19 na saúde cerebral, a equipa de investigação liderada pela professora da Universidade de Oxford, Gwenaëlle Douaud, avaliou imagens cerebrais de 401 pessoas que tiveram a doença entre março de 2020 e abril de 2021, as quais foram obtidas antes da infeção e, em média, quatro meses e meio após o resultado positivo.

Após compararem estas imagens com as de 384 pessoas não infetadas (semelhantes em idades e outros fatores), os investigadores relataram que, apesar de ser normal que as pessoas percam entre 0,2% e 0,3% de massa cinzenta todos os anos – nas áreas associadas à memória -, foi possível confirmar que as pessoas infetadas perderam mais 0,2% a 2% de tecido em comparação com aqueles que não tiveram covid-19.

Além desta análise, os participantes também foram testados quanto à sua função executiva e cognitiva, através do Trail Making Test: uma ferramenta que permite detetar deficiências cognitivas associadas à demência e testar a velocidade e a função do processamento cerebral. De acordo com a sua observação, aqueles que registaram maior perda de tecido cerebral como resultado da infeção tiveram piores resultados neste exame.

“Como as mudanças anormais que vemos nos cérebros dos participantes infetados podem estar parcialmente associadas à perda do olfato, é possível que recuperá-lo possa fazer com que essas anormalidades cerebrais se tornem menos acentuadas ao longo do tempo. Da mesma forma, é provável que os efeitos nocivos do vírus diminuem ao longo do tempo após a infeção. A melhor forma de descobrir seria promover a mesma análise nestes participantes passado um ou dois anos”, disse Douaud.

Estes resultados “levantam a possibilidade de que as consequências a longo prazo por infeção por SARS-CoV-2 possam contribuir para o desenvolvimento de doença de Alzheimer ou outras formas de demência”, sugere, ainda, a líder da análise.

Conheça o estudo na íntegra aqui.

SO

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