23 Abr, 2025

Especialistas pedem calendário de vacinas específico para adultos

O médico António Diniz, da Sociedade Portuguesa de Pneumologia, defendeu hoje a elaboração de um calendário de vacinas específico para adultos no Programa Nacional de Vacinação (PNV), considerando que devia deixar de ser focado nas crianças.

Especialistas pedem calendário de vacinas específico para adultos

“O sucesso do PNV é inquestionável e gostaria que não fosse sobretudo dirigido a crianças, mas que tivesse a mesma estrutura de vacinas para adultos”, defendeu, sublinhando que esta seria uma boa forma de assinalar, este ano, os 60 anos do PNV. O pneumologista e consultor da Direção-Geral da Saúde (DGS), que falava durante um encontro em Lisboa promovido pela Apifarma-Associação Portuguesa da Indústria Farmacêutica sobre a vacinação ao longo da vida, teve de imediato a resposta da DGS, que está a analisar essa possibilidade.

Natália Pereira, chefe da equipa Unidade de Vacinas, Imunização e Produtos Biológicos da DGS avançou que está a ser feita uma “grande reformulação” do PNV, designadamente tendo em conta a vacinação ao longo da vida. Contudo, sublinhou, “é preciso garantir a sustentabilidade das medidas, assim como a disponibilidade” afirmou a responsável, acrescentando: “não posso introduzir este ano uma vacina e no próximo ano não ter verba para ela”.

Disse que está a ser estudada a introdução de vacinas, como a da varicela, no programa de vacinação ao longo da vida e que estão a ser desenvolvidos estudos com modelação matemática “para antecipar estudos”.

A propósito da vacinação ao longo da vida, António Luz Pereira, da Associação Portuguesa de Medicina Geral e Familiar, chamou a atenção para a necessidade de reforçar os meios humanos nos cuidados primários de saúde, os mais próximos da população e que conseguem, com a equipa de saúde familiar, acompanhar o utente e apostar na vacinação oportunística (quando a pessoa vai à consulta).

Alertou ainda para a necessidade de, além de meios humanos, os cuidados primários precisarem de ter garantido o abastecimento de vacinas para se poder avançar com a vacinação oportunística, alertando para alguma dispersão de ‘stock’ na última época vacinal. “Não se pode deixar fugir a oportunidade”, afirmou.

Tanto António Luz Pereira como António Diniz levantaram a questão dos migrantes e do esforço que o sistema precisa de fazer para os abranger, protegendo assim toda a comunidade, com o pneumologista a defender que aos imigrantes que vêm trabalhar para Portugal deve ser oferecida logo à entrada uma avaliação do seu estado de saúde, percebendo nessa altura o estado vacinal de cada pessoa. “Era possível fazer e protegíamos toda a comunidade”, afirmou.

A este respeito, a representante da DGS assumiu que o difícil é chegar a todos os migrantes – “nem todos vão aos centros de saúde” – e reconheceu a importância do programa de saúde nas escolas, para chegar a estas crianças migrantes.

Por seu lado, Ema Paulino, da Associação Nacional de Farmácias, lembrou que as farmácias são uma boa porta de entrada para a oportunidade vacinal. “Entram 500 mil pessoas por dia nas farmácias. Em teoria, num mês, veríamos roda a população”, disse.

LUSA

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