3 Out, 2019

Ensaios clínicos em crianças representam apenas 10% do total

Burocracia, falta de investimento e de condições para fazer investigação explicam fraca expressão deste tipo de ensaios. 80% dos medicamentos usados em crianças só foram testados em adultos.

Embora os números tenham vindo a melhor, os ensaios clínicos exclusivamente pediátricos são ainda poucos, comprometendo a inovação e a segurança em torno dos fármacos para doentes em idade pediátrica. Até agosto deste ano, foram realizados 11 ensaios em Portugal, mais três do que no mesmo período do ano passado, avança o Diário de Notícias.

A verdade é que, desde 2005, foram realizados em Portugal 1863 ensaios clínicos. Apenas 194 envolveram crianças, de acordo com dados do Infarmed. “Nunca são muitos. Nós queremos sempre mais”, admite António Faria Vaz, vice-presidente do Infarmed.

A fraca expressão deste tipo de ensaio explica-se pelos anos de falta de investimento, em que se pensava que as crianças deveriam ser protegidas dos riscos dos ensaios. “Não era socialmente muito aceitável”, recorda Faria Vaz. Entretanto, o paradigma mudou. Mais depressa nuns países do que noutros.

“Mantemo-nos abaixo dos ensaios clínicos feitos na Europa. Não são dadas condições aos médicos para fazerem investigação, nomeadamente tempo, porque têm de manter a sua atividade clínica em simultâneo”, critica, ao DN, Heitor Costa, diretor executivo da Associação Portuguesa da Indústria Farmacêutica (Apifarma).

Na oncologia, a maioria dos medicamentos dados a crianças só foram testados em adultos. Estudos anteriores a 2016 indicavam que a percentagem de medicamentos não testados utilizados em crianças rondava os 80%. Um risco evitável mas que começa a ser minorado, embora a ritmo lento.

TC/SO

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