6 Nov, 2020

Enfermeiros do Norte exigem clarificação sobre UCI após caso de espera de 14 horas

Doente do Hospital de Penafiel esperou 14 horas para ser admitido em Viseu. Ordem diz que situação faz "questionar a capacidade atual de cuidados intensivos a Norte".

A Ordem dos Enfermeiros Norte exigiu à tutela “informação transparente” sobre o número de camas disponíveis em cuidados intensivos para covid-19, denunciado que um doente do Hospital de Penafiel esperou 14 horas para ser admitido em Viseu.

Em declarações à agência Lusa, o presidente da secção regional do Norte da Ordem dos Enfermeiros, João Paulo Carvalho, afirmou ter recebido a informação de que um doente “esteve entre as 03:00 e as 09:00 na urgência do hospital de Penafiel a aguardar vaga em intensivos”, tendo depois sido transferido para Viseu, onde “chegou às 16:00”.

“Isto é gravíssimo e faz-nos questionar a capacidade atual de cuidados intensivos a Norte. Porque é que o doente foi para Viseu, fora da região? Já não há vagas na região? Em causa está o cuidado a doentes críticos, doentes altamente complexos que precisam de equipas altamente diferenciadas. O risco é de morte. Temos de fazer uma gestão muito cuidada desta situação”, referiu à Lusa João Paulo Carvalho.

A secção regional do Norte da Ordem dos Enfermeiros quer que a tutela esclareça quantas camas de cuidados intensivos existem, falando em “contradição de números”.

“É muito estranho que num dia a senhora ministra dê um número, ainda que fazendo projeções, e hoje esse número já seja outro de acordo com o senhor secretário de Estado. Esta questão dos números está a baralhar muito e gera confusão na gestão da pandemia [da covid-19]. Esta é uma questão que tem de ser clara e transparente. Falta coordenação entre hospitais, mas acreditamos que isso seja gerado por orientações confusas do Ministério [da Saúde]”, referiu o presidente da secção regional do Norte da Ordem dos Enfermeiros.

 

ARS Norte desmente que já não existam vagas na região

 

Para explicar a tese da “confusão de números” de cuidados intensivos, João Paulo Carvalho recordou que a 26 de outubro, numa conferência de imprensa, a ministra da Saúde, Marta Temido, revelou que os internamentos por covid-19 nos hospitais, em enfermaria e unidades de cuidados intensivos (UCI), deveriam ultrapassar os três mil na semana seguinte.

Segundo as projeções do Instituto Nacional de Saúde Doutor Ricardo Jorge (INSA) divulgadas a 26 de outubro pela ministra, a partir de 04 de novembro estimava-se que estivessem internados em enfermaria 2.634 doentes e 444 em UCI.

Já na quarta-feira, na conferência de imprensa dedicada ao ponto de situação sobre a pandemia do novo coronavírus, o secretário de Estado Adjunto e da Saúde, António Lacerda Sales, adiantou que das 373 camas em Unidades de Cuidados Intensivos para doentes covid, 325 já estavam ocupadas.

A agência Lusa procurou obter esclarecimentos sobre números de camas covid-19 em cuidados intensivos na região Norte, tendo a Administração Regional de Saúde (ARS-N) desmentido que já não existam vagas na região.

“A dotação de camas na região Norte em UCI [Unidades de Cuidados Intensivos] é de 405 camas. Destas 195 estão destinadas a covid-19. Até às 24:00 de ontem [quarta-feira] estavam ocupadas 176”, referiu a ARS-N em resposta à Lusa.

SO/LUSA

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