30 Set, 2022

Depressão alastra e já afeta 42% dos jovens portugueses

As raparigas são o grupo que denota piores indicadores de saúde mental, aponta um estudo coordenado pela Escola Superior de Enfermagem de Coimbra.

Um estudo coordenado pela Escola Superior de Enfermagem de Coimbra (ESEnfC) indica que os sintomas de depressão nos adolescentes voltaram a aumentar, afetando 42% dos inquiridos a nível nacional.

O estudo, desenvolvido no ano letivo 2021/22, conclui que 42,2% dos adolescentes no país apresentam “sintomatologia depressiva, afirmou a ESEnfC, que coordena o programa de prevenção de comportamentos suicidários em meio escolar, Mais Contigo.

De acordo com nota de imprensa enviada à agência Lusa, é “o género feminino a denotar piores indicadores de saúde mental”.

O estudo teve por base uma amostra de 5.440 jovens, com uma média etária de cerca de 14 anos e a frequentarem mais de 150 escolas de norte a sul de Portugal (incluindo a região autónoma da Madeira).

Segundo a nota de imprensa da ESEnfC, 28,5% dos adolescentes expressaram indícios e manifestações de depressão moderados ou graves.

Segundo o coordenador do programa e docente naquela instituição do ensino superior, José Carlos Santos, citado na nota, os dados agora obtidos registam a “maior incidência de sintomatologia depressiva desde o início do Mais Contigo”, há 12 anos.

No entanto, o estudo também nota que as intervenções em contexto escolar levam a uma melhoria ao nível do bem-estar e uma diminuição da sintomatologia depressiva.

De acordo com José Carlos Santos, é necessário a saúde mental ser “uma prioridade”, com um planeamento nacional, sem perder “o olhar e práticas de proximidade”.

O trabalho que tem sido desenvolvido “apela a uma maior necessidade de presença de profissionais de saúde mental nas escolas, sejam psicólogos ou enfermeiros de saúde mental, mas também de maior interligação entre a escola e as instituições de saúde”, frisou o responsável, citado na nota de imprensa.

O coordenador do Mais Contigo salientou, ainda, a “dificuldade de prevenir os comportamentos suicidários, um comportamento complexo, multifacetado, onde as determinantes sociais têm um peso importante e onde a saúde é um dos interlocutores, mas está longe de ser o único, implicando medidas globais, criando sinergias entre os diversos ministérios, da Segurança Social, Emprego, Educação, Ensino Superior, Administração Interna e diversos organismos não governamentais”.

O programa, promovido pela Escola Superior de Enfermagem de Coimbra e pela Administração Regional de Saúde do Centro, é apoiado pela Coordenação Nacional das Políticas de Saúde Mental.

LUSA

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