“Deixei de ter os tremores constantes e a dor deixou de ser muito forte e incapacitante”
Bryan Custódio tem 25 anos e teve contacto com o tratamento com canábis medicinal há seis anos após uma queda. O acidente, muito grave, deixou-o com uma incapacidade de 86%, tremores intensos e uma dor “insuportável” nas costas. “Não dava para viver com aquela dor”, lembra.

Tendo tido uma reação anafilática aos medicamentos prescritos após o acidente em Espanha, que o levou quase à morte, Bryan Custódio viu-se apenas com uma alternativa por causa da dor: canábis medicinal. Apesar de, como diz, “na altura ser contra o uso deste tipo de substâncias”, acabou por aceitar a nova terapêutica. “Conheci uma pessoa que já fazia tratamento, com bons resultados, e acabei por arriscar, apesar do medo”, diz. Como acrescenta: “Tendo em conta a minha condição e a dor insuportável, com a qual não dava para viver, só podia aceitar.”
Mas o acesso à canábis medicinal não foi fácil, já que ainda não era legal, quer em Espanha quer em Portugal, os dois países onde vive alternadamente, por motivos familiares. Apesar das dificuldades, não desistiu do tratamento, porque os resultados estavam à vista. “Deixei de ter os tremores constantes e a dor deixou de ser muito forte e incapacitante, o que me permitiu ter uma vida muito mais normal, mesmo que mantenha os 86% de incapacidade.”
A melhoria do quadro clínico foi, inevitavelmente, visível para todos, em particular para os médicos que o acompanhavam em Portugal. “Deixei de ter preconceitos e falei do assunto. Excetuando um médico de família que reagiu muito mal, os outros já tinham ouvido falar das vantagens da canábis medicinal e deram-me todo o apoio.”
Bryan Custódio espera que, nos próximos tempos, se aposte na comparticipação deste tipo de tratamentos, pois são demasiado onerosos. Tão dispendiosos que, ainda hoje, não tem capacidade financeira para pagar a dose de que realmente necessita. “É muito caro e não trabalho por causa do grau de incapacidade. É preciso mais ajuda por parte do Estado. É a única alternativa terapêutica, não tenho mais nenhuma.”
Como frisa: “Não melhorei apenas a nível físico, mas também psicológico. Já não preciso de tomar antidepressivos e comprimidos para dormir.”
No futuro, espera que os tratamentos com canábis medicinal possam ajudar cada vez mais pessoas. “Mudou a minha vida! Não tenham medo.”
MJG