Debate do Estado da Saúde: PSD diz que ministro é uma mera “flor na lapela do SNS”

Ministro da Saúde nega a existência de qualquer cisma com as Finanças e, perante as acusações da oposição neste sentido, garantiu: “Somos todos Centeno”. PSD diz que é Mário Centeno que "põe e dispõe" no SNS e que ministro é um "mero protetorado do Imperador Centeno".

Foi, no mínimo, quente o debate de urgência pedido pelo PSD sobre o estado da Saúde em Portugal. Os sociais-democratas voltaram a insistir na ideia de que é o ministro das Finanças que manda no setor. O deputado do PSD Adão e Silva acusou mesmo o ministro da Saúde de uma mera “flor na lapela do Serviço Nacional de Saúde”. O debate ficou também marcado por um frase de Adalberto Campos Fernandes, em que o ministro deixa uma garantia: “[No governo], somos todos Centeno”.

“O ministro das Finanças é que decide que os concursos para médicos, tão urgentes, devem ser adiados. O ministro das Finanças é que determina a quem e quando os hospitais podem pagar as dívidas. O ministro das Finanças é que autoriza a compra de equipamentos médicos e as obras de melhoria ou ampliação dos hospitais e dos centros de saúde”, disse Adão e Silva.

O PSD pergunta, assim, que poder de decisão tem o ministro da saúde. E dá a resposta. Cada vez menos. “[O ministro] é cada vez mais a ‘flor na lapela’ do Serviço Nacional de Saúde, reduzido a um mero protetorado do Imperador Centeno que, sem tino, põe e dispõe sobre quem deve e quem não deve ter acesso a cuidados de saúde com equipamentos modernos, em espaços adequados e profissionais motivados”.

Ao longo do debate, foram várias as insinuações à alegada dependência da Saúde em relação às Finanças, com o PS, através do deputado António Sales, a assumir a defesa do Governo e a acusar a oposição de insistir num “exercício estéril que nada acrescenta à Saúde”.

A primeira intervenção de Moisés Ferreira (BE) foi um recado para os sociais democratas: “Houvesse um pingo de vergonha na bancada do PSD e poupar-nos-ia a este espetáculo”. A afirmação motivou vários apupos da bancada social-democrata, aos quais Moisés Ferreira respondeu, afirmando que “a verdade incomoda”.

Para a deputada do CDS-PP Galriça Neto “só falta mesmo é um grupo de trabalho para apoiar os grupos de trabalho que o ministro da Saúde vai criando”. “Que resultados espera com mais uma unidade de missão? Precisamos de medidas concretas. Se há má gestão como reconheceu, de quem é a primeira responsabilidade? Vai continuar a dizer que é do passado?”.

Para Adalberto Campos Fernandes, Galriça Neto limita-se a fazer um “exercício de contorcionismo político de falta de verdade”. “Não vale a pena ir pelo caminho de que existirá um grande cisma no Governo entre o ministro da Saúde e o ministro das Finanças. Esse é um caminho errado e completamente esgotado”, disse Campos Fernandes, E para reforçar a ideia, o ministro afirmou: “Somos todos Centeno”.

Para o ministro da Saúde, a estratégia do Governo, com Mário Centeno como ministro das Finanças, contribuiu para a consolidação das contas públicas e para a credibilidade externa de Portugal. “O discurso de que não havia alternativa morreu. Por isso, há tanta desorientação nas bancadas da oposição”, declarou.

As referências elogiosas de Adalberto Campos Fernandes a Mário Centeno não ficaram sem resposta da parte do PSD. A deputada social-democrata Fátima Ramos (PSD) aproveitou a ideia e, no final de um rol de críticas em que enumerou uma série de faltas nas unidades de Saúde, apelou a Adalberto Campos Fernandes: “Não seja Centeno. Olhe para as pessoas”. Também Carla Cruz, deputada do PCP, disse que “não somos todos Centeno, somos povo”, pedindo que seja feito o investimento necessário no SNS.

Em reação às críticas do CDS-PP, em particular, o ministro da Saúde referiu-se à participação dos democratas-cristãos no anterior executivo liderado por Pedro Passos Coelho. “Não há memória para tanta falta de memória”, disse Adalberto Campos Fernandes, dirigindo-se então à bancada do CDS-PP.

O parlamento está hoje de manhã a analisar a situação da Saúde em Portugal, num debate solicitado com urgência pelo PSD.

LUSA/ SO

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