30 Mai, 2025

Cuidados Paliativos. Impacto da covid-19 reforça urgência em se ter mais respostas em Portugal

O Relatório de Outono do Observatório Português dos Cuidados Paliativos destaca o impacto da pandemia de covid-19 nas equipas e pede mais recursos para a área.

Cuidados Paliativos. Impacto da covid-19 reforça urgência em se ter mais respostas em Portugal

“Existe a necessidade urgente de reforçar os Cuidados Paliativos em Portugal, tanto em recursos humanos como em planeamento estratégico, para garantir uma resposta equitativa, mesmo em contextos de crise sanitária.” Esta é a principal conclusão do Relatório de Outono de 2023 do Observatório Português dos Cuidados Paliativos.

O Observatório reforça ainda a importância de integrar os cuidados paliativos nas respostas a emergências de saúde pública, reconhecendo o seu papel essencial no apoio à dignidade e qualidade de vida dos(as) doentes e suas famílias. O objetivo do estudo era fazer uma “análise aprofundada” do impacto da pandemia de covid-19 nas equipas de Cuidados Paliativos em Portugal, revelando as profundas alterações na sua atividade assistencial e composição ao longo do período pandémico.

Num contexto de crescente necessidade de Cuidados Paliativos a nível global, por causa do envelhecimento da população e pela maior identificação de pessoas com necessidades paliativas, a pandemia por SARS-CoV-2, entre março de 2019 e 2022, trouxe desafios “sem precedentes” às equipas. Apesar das características de cada uma, que diferem consoante a constituição, tipologia e localização, o impacto da covid-19 foi transversal.

De acordo com o relatório, verificou-se a  interrupção da atividade assistencial em 4 das 35 equipas analisadas, sendo todas pertencentes ao contexto comunitário. Além disso, registou-se um aumento da carga assistencial, nomeadamente em contexto comunitário, sem o correspondente reforço de profissionais. Por outro lado, enquanto se consegui maior estabilidade na composição e atividade das equipas hospitalares e das unidades de cuidados paliativos, diminuiu o número de profissionais nas equipas pediátricas, apesar do aumento das horas de enfermagem. A redução abrupta de profissionais no início da pandemia (março de 2020), por sua vez, acabou por levar à sua recuperação gradual até janeiro de 2022. Por fim, apenas as unidades de Cuidados Paliativos conseguiram assegurar a participação plena de todos os elementos da equipa base no acompanhamento de doentes com covid-19.
O relatório revela ainda que, durante o pico da pandemia, a prioridade dada ao acompanhamento de doentes com covid-19, independentemente do seu estado paliativo, teve “impactos significativos” no apoio prestado a doentes paliativos não infetados. Para enfrentar esta dificuldade, as equipas recorreram a novas estratégias de comunicação à distância e tecnologia digital.

Maria João Garcia

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