24 Mar, 2024

Crises de epilepsia associadas a lúpus neurológico. “É como entrar num mundo desconhecido”

Artigo de opinião de Isabel Marques, de 53 anos, que foi diagnosticada com lúpus neurológico há 20. Há cerca de oito meses recebeu também o diagnóstico de epilepsia.

As crises vêm associadas a ausências temporais, sem saber o que me acontece. Sinto muito sono, muita irritabilidade e é extremamente estranha a sensação que sinto no corpo.

Tenho resistido a alguma terapêutica que me tem dificultado a rotina. É algo que me tem gerado grandes estados de ansiedade. Muitas vezes tenho receio de sair de casa e de ter uma crise sozinha, na rua. Esta questão tem dificultado também a minha atividade laboral porque nunca sei quando vai acontecer.

Vou fazendo o que posso dentro das minhas limitações, estou a aprender a viver com a epilepsia. As minhas crises duram apenas alguns minutos, mas muitas vezes preciso de uma semana para poder voltar ao meu estado normal. De destacar que o meu caso de lúpus é todo neurológico, associado a muitas dores de cabeça, nos músculos, confusão mental, muito frio, sono, tristeza, apatia por tudo o que me rodeia. Perco a noção da minha linha temporal, o que por vezes é assustador. Sinto um cansaço avassalador e costumo dizer que parece que sofri um atropelamento.

O meu caso de epilepsia é parcial. No fim de uma crise existe a sensação de voltar à realidade, que outrora ficou cortada. Tenho noção de que, apesar de não conseguir ter uma vida tranquila devido ao facto de sofrer com uma doença autoimune e com epilepsia, todos os dias vou tendo aprendizagens de forma a poder minimizar o risco.

Devido ao facto de ter recebido o diagnóstico de epilepsia muito recentemente tenho sentido alguns constrangimentos por saber que de um momento para o outro tudo pode mudar. Tento, cada vez mais, realizar tudo o que me apetece fazer, apesar de ter consciência que é extremamente importante respeitar os sinais do meu corpo.

A minha visão e expectativa é um processo muito individual acerca desta perturbação. De salientar que cada pessoa decide viver com a doença de várias maneiras e a forma como a vemos vai com toda a certeza determinar a forma como impacta a nossa vida.

No meu caso, encontro junto do mar a grande forma de poder encontrar respostas para prosseguir em frente com o meu dia a dia. O mar é reparador e faz-me ter a calma de que necessito para poder ultrapassar este desafio.

 

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