Cerca de 20% das vagas para especialidades médicas ficaram por preencher
Quase um quinto das vagas abertas para formação especializada de médicos ficou sem ocupação, segundo a FNAM, que alerta para a dificuldade crescente do SNS em atrair e fixar clínicos, mesmo num momento inicial como a escolha da especialidade.

Cerca de 20% das 2.331 vagas disponibilizadas para que os novos médicos escolhessem uma especialidade ficaram por ocupar, revelou a Federação Nacional dos Médicos (FNAM), que volta a alertar para a incapacidade do Serviço Nacional de Saúde (SNS) em fixar profissionais.
Segundo a presidente da FNAM, Joana Bordalo e Sá, estes números confirmam uma tendência já identificada: o SNS continua a perder capacidade de atrair médicos, mesmo numa fase tão precoce como a escolha do internato, apesar do elevado número de vagas abertas.
As vagas diziam respeito às especialidades disponíveis nas unidades do SNS que irão receber os novos médicos a partir de 01 de janeiro de 2026, quando começa a formação especializada.
A poucas horas de terminar o prazo de seleção, que decorre desde 18 de novembro para os 2.375 candidatos, a dirigente adiantou que medicina geral e familiar e medicina interna são as áreas com mais lugares por preencher. No caso da primeira, a maior parte das vagas em falta situa-se em Lisboa e Vale do Tejo, a região mais carenciada de médicos de família. Já medicina interna, essencial para o funcionamento das urgências, registou apenas 50% de procura.
Além dos candidatos que não escolheram qualquer especialidade, cerca de 20% optaram mesmo por deixar o SNS, avançou a FNAM, indicando que muitos seguem para prestação de serviços, setor privado ou para o estrangeiro.
Joana Bordalo e Sá considerou que esta perda de profissionais não é acidental, criticando o Governo de Luís Montenegro por não criar condições para que os médicos permaneçam no SNS e escolham uma especialidade no setor público.
Do congresso recente da FNAM resultaram propostas para o internato médico, como a reintegração dos internos na carreira, sublinhando que os atuais cinco a sete anos de formação não têm qualquer valorização em termos de progressão.
A federação enviou já uma carta à ministra da Saúde, Ana Paula Martins, e à Administração Central do Sistema de Saúde (ACSS) a exigir uma revisão urgente do regime e regulamento do internato médico. Os cerca de 11 mil internos representam um terço dos médicos do SNS.
Depois de anos sob responsabilidade das administrações regionais de saúde, entretanto extintas, o processo de escolha de vagas voltou a ser gerido pela ACSS. Este ano, decorreu através de uma nova plataforma informática, criada no âmbito da desmaterialização do internato médico, que, segundo a ACSS, representa um passo importante para modernizar e tornar mais transparente todo o procedimento.
LUSA/SO
Notícia relacionada
FNAM exige retoma urgente das negociações para novo acordo coletivo dos médicos










