29 Ago, 2018

Aos dois anos, as crianças já se preocupam com a sua reputação

Um estudo realizado nos EUA mostra que, aos dois anos, crianças já se preocupam com a imagem que transmitem, alterando o seu comportamento de modo a agradar a quem as observa.

         Sara Botto, autora principal do estudo (Foto: Kay Hinton, Universidade de Emory)

 

Um estudo levado a cabo por um grupo de psicólogos da Universidade de Emory, nos EUA, concluiu que, aos 24 meses de idade, as crianças já têm noção da imagem que passam aos outros e da forma como são vistas, moldando o seu comportamento em função dessas interações com o objetivo de melhorar a sua reputação.

“Mostramos que, aos 24 meses, as crianças não só estão cientes de que os outros as estão a avaliar, mas também irão alterar o seu comportamento para tentar obter uma resposta positiva”, explica a principal autora do estudo, Sara Valencia Botto. A autora explica que este estudo vem mostrar que a preocupação das crianças com a reputação surge muito mais cedo do que se pensava – estudos anteriores sugeriam que este comportamento só surgia aos quatro ou cinco anos de idade.

“Há algo de muito humano na maneira como somos sensíveis ao olhar dos outros”, diz Philippe Rochat, professor de psicologia da Universidade de Emory, especialista em desenvolvimento infantil e investigador sénior do estudo, que foi publicado na revista científica Development Psychology.

Os investigadores analisaram o comportamento de 144 crianças com idades entre os 14 e os 24 meses, usando um brinquedo robô controlado à distância. Numa das experiências, os investigadores verificaram que as crianças tinham tendência a brincar de forma mais desinibida quando não estavam a ser observadas.

Num outro exercício, foi dado às crianças um brinquedo com dois botões. Antes de deixar a criança sozinha com esse brinquedo, os investigadores sorriam e diziam “uau, que bom” enquanto carregavam num botão e “ups, oh não” enquanto carregavam no outro. Quando observadas, as crianças pressionavam com mais frequência o botão associado à resposta positiva; no entanto, quando ficavam sozinhas, tendiam a preferir o botão associado à resposta negativa.

Philippe Rochat explica que “no fundo, a nossa preocupação com a imagem e a reputação está relacionado com o medo da rejeição, um dos principais motores da psique humana”.  Sara Botto está também a desenvolver exercícios semelhantes para crianças ainda mais pequenas, de até 12 meses, para perceber se, nessa idade, os bebés já têm consciência de que são avaliados pelas pessoas que os rodeiam.

Saúde Online

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