28 Nov, 2025

Médicos reúnem-se em congresso numa altura de sobrecarga laboral e burocrática

Cerca de 400 médicos participam hoje e sábado no congresso da Ordem dos Médicos, num momento marcado pela sobrecarga laboral e burocrática, desigualdade de rendimentos e forte dependência da prestação de serviços, segundo dados preliminares de um inquérito da OM.

Médicos reúnem-se em congresso numa altura de sobrecarga laboral e burocrática

Cerca de 400 médicos participam hoje e sábado no congresso da Ordem dos Médicos para debater a saúde em Portugal, numa altura em que a classe enfrenta uma forte sobrecarga laboral e burocrática e apresenta rendimentos abaixo dos padrões europeus.

O perfil é traçado pelos dados preliminares de um inquérito promovido pela Ordem dos Médicos (OM), a que a Lusa teve acesso, e que indica uma média de idades de 51,2 anos. Segundo o levantamento, 71% exercem no setor público e 25% no privado.

O Serviço Nacional de Saúde (SNS) mantém-se como o principal empregador, com 82,5% de médicos especialistas a trabalhar, em média, 45 horas por semana, podendo atingir o máximo de 80 horas.

O inquérito revela ainda que 43,8% dos médicos fazem prestação de serviços e, destes, 74,3% acumulam esse regime com um vínculo ao SNS ou ao setor privado. Cerca de 25,6% dedica-se exclusivamente à prestação de serviços, maioritariamente profissionais com mais de 60 anos, o que pode indicar que utilizam este modelo como complemento à reforma.

Um médico com vínculo profissional ao SNS tem um rendimento líquido mensal médio de 3.966 euros, com uma mediana de 3.500 euros — “valores bastante abaixo dos padrões europeus”. Os prestadores de serviços são o grupo com rendimentos mais elevados.

É com este retrato de uma classe “altamente qualificada, comprometida com o serviço público, mas a enfrentar sobrecarga laboral e burocrática, rendimentos desiguais e dependência crescente da prestação de serviços” que a OM organiza o seu 28.º Congresso Nacional, em Coimbra.

“Este congresso assenta na ideia de contributo para o SNS e para a saúde em Portugal”, afirmou à Lusa o bastonário Carlos Cortes, sublinhando que o encontro marca também o arranque do fórum “Um Rumo para a Saúde”, que irá percorrer todos os distritos nos próximos meses para apresentar propostas para o setor.

Segundo o bastonário, embora os dados preliminares indiquem uma “classe mais envelhecida”, essa realidade deverá mudar rapidamente, já que o número de médicos a entrar na profissão está a aumentar: “Todos os anos, cerca de dois mil médicos inscrevem-se na Ordem”, destacou, afirmando que, após um período preocupante, está em curso uma renovação geracional.

Carlos Cortes salientou ainda que o inquérito evidencia que, dos quase 44% dos médicos que fazem prestação de serviços, cerca de 74% têm também contratos no SNS. “É um dado muito importante para o poder político”, afirmou, defendendo que estes profissionais contribuem para a sustentabilidade do SNS, sobretudo em hospitais periféricos com maiores dificuldades de captar recursos humanos.

O inquérito foi realizado online entre 01 de outubro e 02 de novembro e obteve 3.291 respostas validadas, com um erro amostral inferior a 2%.

SO/LUSA

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