13 Nov, 2025

Número de cirurgias oncológicas no SNS cai abruptamente no terceiro trimestre de 2025

Contudo, a tendência negativa em cirurgias oncológicas foi revertida no final de 2023, registando-se um crescimento médio sustentado de 2,6% entre o 4.º trimestre de 2023 e o 2.º trimestre de 2025.

Número de cirurgias oncológicas no SNS cai abruptamente no terceiro trimestre de 2025

O número de cirurgias oncológicas realizadas pelo Serviço Nacional de Saúde (SNS), que vinha a registar uma evolução positiva desde o final de 2023, sofreu uma quebra abrupta no terceiro trimestre de 2025, segundo o Relatório de Avaliação de Desempenho e Impacto do Sistema de Saúde (RADIS), divulgado pela Convenção Nacional da Saúde (CNS).

De acordo com o documento, a evolução do número de cirurgias oncológicas realizadas entre 2023 e 2025 apresenta duas fases distintas. “Durante 2023, verificou-se um decréscimo médio de 3,1% no número de cirurgias, com valores a descer de 18.245 no 1.º trimestre para 16.583 no 3.º trimestre, refletindo constrangimentos na capacidade assistencial, possivelmente associados a atrasos acumulados pós-pandemia, reorganização e limitações de recursos”, refere o relatório.

Contudo, a tendência negativa foi revertida no final de 2023, registando-se um crescimento médio sustentado de 2,6% entre o 4.º trimestre de 2023 e o 2.º trimestre de 2025, atingindo 20.449 cirurgias no 1.º trimestre de 2025.

“Apesar da recuperação, o 3.º trimestre de 2025 regista uma quebra abrupta (-16%), com apenas 11.959 cirurgias, sugerindo um fator sazonal ou uma restrição temporária de capacidade”, salienta o RADIS.

O relatório identifica ainda “fragilidades persistentes” no cumprimento dos Tempos Máximos de Resposta Garantidos (TMRG). No 1.º semestre de 2024, 62,1% das primeiras consultas de oncologia ultrapassaram o prazo definido, sendo o incumprimento ainda mais elevado entre os doentes muito prioritários (79,6%).

A mediana do tempo de espera para a primeira consulta situou-se nos 26 dias, mais 1,5 dias face ao semestre anterior. Já no caso das cirurgias oncológicas, o incumprimento dos prazos foi de 22,4%, atingindo 41,1% entre os doentes muito prioritários — ainda assim, uma melhoria face ao 2.º semestre de 2023.

Questionada sobre os resultados, a ministra da Saúde, Ana Paula Martins, reconheceu tratar-se de um “problema muito preocupante”, sublinhando que o novo sistema de referenciação e a integração nas Unidades Locais de Saúde (ULS) deverão contribuir para reduzir os tempos de espera.

“Relativamente à questão do acesso às consultas, é de facto um problema muito preocupante que tem anos de existência. Este novo sistema que estamos agora a começar a implementar, e que abrangerá todos os hospitais do Serviço Nacional de Saúde, vai ajudar-nos muito”, afirmou a ministra, destacando também os protocolos de referenciação entre os cuidados de saúde primários e os hospitais.

Ana Paula Martins admitiu ainda que “uma parte importante” dos doentes em lista de espera está concentrada nos institutos de Oncologia, uma situação que se explica, em parte, pelo facto de “alguns destes doentes não quererem — e com toda a legitimidade — sair daquela instituição”, preferindo aguardar.

“Podemos melhorar muito a gestão desta lista de espera”, reconheceu, explicando que a entrada constante de novos casos prioritários, avaliados clinicamente, acaba por prolongar o tempo de resposta para outros doentes.

A ministra apontou ainda o aumento dos rastreios e das referenciações como fatores que têm contribuído para a pressão acrescida sobre o sistema.

SO/LUSA

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