Quatro em cada dez alunos apresentam sintomas depressivos ligeiros, revela programa “Mais Contigo”
O programa "Mais Contigo" ajudou mais de dois mil adolescentes que estavam em risco de adotar comportamentos suicidários, dos quais 70,6% eram raparigas.

O programa “Mais Contigo”, de prevenção do suicídio em contexto escolar, revelou que 41% dos mais de 16 mil alunos avaliados, no último ano letivo, apresentaram sintomatologia depressiva ligeira, enquanto 26,5% mostraram sintomas moderados ou graves. Os resultados foram divulgados esta quarta-feira, na Escola Superior de Enfermagem da Universidade de Coimbra (ESEUC), uma das entidades copromotoras da iniciativa, em parceria com a Direção-Geral da Saúde (DGS).
Segundo dados da coordenação nacional, 2.069 adolescentes estavam em risco de adotar comportamentos suicidários, dos quais 70,6% eram raparigas. “As jovens continuam a revelar maiores vulnerabilidades em comparação com os rapazes”, destacou José Carlos Santos, coordenador do programa e docente da ESEUC. O especialista sublinhou que, à semelhança de anos anteriores, a intervenção permitiu reduzir sintomas depressivos e aumentar o autoconceito dos jovens. No total, 93 adolescentes foram encaminhados para cuidados de saúde primários e 69 para cuidados de saúde diferenciados.
“Fizemos, de facto, a diferença. Houve 162 adolescentes que, sem o empenho dos dinamizadores do “Mais Contigo”, poderiam estar hoje em sofrimento mental, sem acompanhamento especializado”, reforçou José Carlos Santos.
No ano letivo 2024/2025, o programa alcançou 18.561 adolescentes, com 16.996 questionários validados, cobrindo 310 instituições de ensino em todo o país, incluindo Açores e Madeira. Desde a sua criação, já envolveu cerca de 80 mil alunos, em 1.215 escolas. A iniciativa, financiada pela Coordenação Nacional das Políticas de Saúde Mental, integra a Estratégia Nacional de Prevenção do Suicídio e é reconhecida como boa prática pela DGS e pelo Conselho Internacional de Enfermeiros (ICN). Até agora, o programa formou mais de 800 profissionais de saúde e envolveu cerca de 13 mil professores e assistentes operacionais, consolidando-se como uma das principais respostas nacionais no combate à ideação suicida em jovens.
SO/LUSA
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