4 Set, 2025

Estudo português demonstra “graves lacunas” na formação médica em Cuidados Paliativos

Para colmatar as falhas existentes na formação em Cuidados Paliativos, os investigadores defendem programas mais longos e a criação da especialidade de Medicina Paliativa.

Estudo português demonstra “graves lacunas” na formação médica em Cuidados Paliativos

A formação básica em Cuidados Paliativos contribui para uma “melhoria imediata”  dos conhecimentos na área e para uma maior confiança na referenciação de doentes, mas os ganhos não persistem após os seis meses a seguir. Esta é a conclusão de um estudo, publicado na Medical Sciences, que  investiga a eficácia de programas de formação básica na melhoria do conhecimento em Cuidados Paliativos entre médicos, em Portugal.

“Os nossos resultados sugerem que a formação básica pode fornecer um impulso inicial ao conhecimento em Cuidados Paliativos”, diz Hugo Ribeiro, um dos investigadores. “No entanto, a falta de retenção de conhecimento a longo prazo indica a necessidade de oportunidades de formação mais específicas e, sobretudo, contínuas”.

A equipa de investigação acrescenta: “Acreditamos que a ausência de formação pré-graduada no nosso país tem acentuado as dificuldades na gestão de doentes com maior complexidade clínica e, portanto, com necessidades paliativas”.

Pub

Os investigadores consideram que este estudo deve merecer uma reflexão global sobre a necessidade de se criar a especialidade médica de Medicina Paliativa. “Preocupa-nos o facto de não termos observado diferenças nas respostas dos participantes que eram paliativistas.”

Face aos resultados, sugerem que os programas futuros de formação básica tenham uma duração mais longa, elementos práticos e conteúdo direcionado para abordar áreas específicas da Medicina Paliativa. Recomendam, também, a exploração de plataformas de educação contínua para apoiar a aprendizagem e o reforço dos conhecimentos.

O trabalho contou com a participação de investigadores da Universidade de Coimbra, da Universidade do Porto,  da  ULS Gaia e Espinho, da ULS Santo António, da ULS São João e da ULS Tâmega e Sousa. Foram inquiridos 204 médicos que participaram num curso intensivo em Medicina Paliativa, organizado pela Iniciativa Médica 3M, tendo respondido 93 médicos antes da formação, 80 médicos imediatamente após e 36 médicos seis meses depois.

O questionário avaliou o conhecimento teórico, atitudes e competências relacionadas com os Cuidados Paliativos, desde o controlo da dor e de outros sintomas à comunicação e liderança.

Maria João Garcia

Notícia relacionada

Síndrome anorexia-caquexia. Estudo português alerta para necessidade de diagnóstico precoce

ler mais

Partilhe nas redes sociais:

ler mais