Projeto “Aqui Contigo Pediátrico” leva música e afeto a crianças e jovens em Cuidados Paliativos e oncológicos
O projeto de Cuidados Paliativos para crianças e jovens de Coimbra e Leiria conta com sessões que são compostas por “encontros ancorados no som, na música, no vínculo e na empatia da compaixão”.

Cerca de 250 crianças e jovens em Cuidados Paliativos e oncológicos vão ser acompanhados até 2027, num projeto que alia música, som e empatia ao tratamento clínico. Crianças e jovens dos distritos de Coimbra e Leiria estão a receber apoio através da música e do afeto no âmbito do projeto “Aqui Contigo Pediátrico”, uma iniciativa da Sociedade Artística Musical dos Pousos (SAMP) que foi recentemente ampliada com financiamento do Portugal Inovação Social.
Ao longo de três anos, o projeto prevê acompanhar cerca de 250 crianças e jovens, mas o impacto será mais abrangente, envolvendo também pais e profissionais de saúde dos serviços de Oncologia e Cuidados Paliativos, explicou à agência Lusa a coordenadora Raquel Gomes. “Nunca tínhamos trabalhado com este público-alvo. O número que avançámos foi uma estimativa: chegar a 250 crianças”, referiu, sublinhando que esta é uma segunda geração do projeto “Aqui Contigo”, que anteriormente se dedicava a adultos em fase terminal.
Com o público pediátrico, o enfoque é diferente: “A esperança de recuperação é muito maior e queremos criar um espaço de encontro, arte e amor para as crianças, jovens e suas famílias, que se prolonga no tempo”, acrescentou.
O projeto, que começou no início de 2025, conta com o apoio da Fundação “la Caixa”/BPI e da Câmara Municipal de Leiria. A nova fase, agora alargada, foi possível graças à aprovação da candidatura ao programa Portugal Inovação Social, no âmbito das Parcerias para a Inovação Social. As atividades decorrem, semanalmente até 2027, em unidades hospitalares e no domicílio — incluindo o Hospital de Oncologia Pediátrica e a Unidade de Cuidados Paliativos Pediátricos, em Coimbra, a Casa Acreditar, e o Serviço de Pediatria do Hospital Santo André, em Leiria.
As sessões são compostas por “encontros ancorados no som, na música, no vínculo e na empatia da compaixão”, explicou Raquel Gomes, destacando que o objetivo é ajudar a relaxar e atenuar a dor, tanto das crianças como dos pais. O projeto inclui ainda acompanhamento a famílias em luto. Apesar da experiência da SAMP em intervenções artísticas em contextos de fragilidade, esta é uma realidade emocionalmente exigente. “Às vezes saímos de lá com a respiração apertada. Vemos os pais a tentar reagir e as crianças muito em baixo. Não estava a contar com isso”, confessou a coordenadora.
O projeto envolve musicoterapeutas, mas também outras formas de expressão artística. O escritor Paulo Kellerman e o fotógrafo Joaquim Dâmaso integram a equipa, criando histórias e registos visuais que documentam a jornada emocional das crianças. “É bonito ver as coisas a nascer ali, a criança que quer desenhar para a história feita para ela. Cria-se um vínculo muito bonito e para nós é muito gratificante. É o que nos faz continuar a acreditar”, concluiu Raquel Gomes.
LUSA/SO
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