4 Nov, 2025

Prevalência da diabetes atinge novo recorde em Portugal: 14,2% da população afetada

O estudo indica também que mais de 85% das pessoas com diabetes tiveram pelo menos uma consulta no SNS em 2024, o que demonstra a recuperação da atividade assistencial nos cuidados de saúde primários após o impacto da pandemia.

Prevalência da diabetes atinge novo recorde em Portugal: 14,2% da população afetada

A prevalência da diabetes em Portugal atingiu um novo máximo histórico em 2024, afetando 14,2% da população — o valor mais elevado de sempre —, segundo o mais recente Relatório Anual do Observatório Nacional da Diabetes, elaborado pela Sociedade Portuguesa de Diabetologia (SPD). O documento, divulgado esta terça-feira, revela ainda que foram registados 88.476 novos casos da doença nos Cuidados de Saúde Primários, o número mais alto até à data.

O relatório “Diabetes: Factos e Números” destaca uma tendência crescente da doença no país e alerta para a persistência de níveis elevados de subdiagnóstico, em parte devido à ausência de integração de dados do setor privado. Apesar dos progressos em alguns indicadores, a SPD chama a atenção para a estagnação no número de amputações associadas à diabetes, que se mantém inalterado há cerca de uma década. As amputações de maior gravidade continuam a representar uma proporção semelhante às de menor dimensão, situação classificada como “preocupante”.

“Apesar de termos recuperado os rastreios e as consultas após a pandemia, o número de amputações continua inalterado. É um sinal de que ainda falhamos no controlo das complicações mais graves da doença”, afirmou Rita Nortadas, presidente do Observatório Nacional da Diabetes. O impacto económico da doença é também significativo: o custo direto da diabetes foi estimado entre 1.500 e 1.800 milhões de euros em 2024, correspondendo a 0,5% a 0,6% do PIB nacional e a 5% a 6% da despesa total em saúde.

Rita Nortadas sublinha que os dados “confirmam que estamos perante uma epidemia que continua a crescer” e defende medidas mais eficazes de prevenção, diagnóstico precoce e coordenação entre níveis de cuidados de saúde. Apesar do agravamento da prevalência, o relatório aponta sinais positivos: registou-se uma redução de 39% nos anos potenciais de vida perdidos por diabetes na última década, uma ligeira diminuição da doença entre as causas de morte e uma baixa expressiva dos internamentos hospitalares associados à diabetes.

Mais de 85% das pessoas com diabetes tiveram pelo menos uma consulta no SNS em 2024, o que demonstra a recuperação da atividade assistencial nos Cuidados de Saúde Primários após o impacto da pandemia. Contudo, a presidente do Observatório alerta para a necessidade de dados mais detalhados, por tipo de diabetes e por região, para apoiar políticas públicas eficazes: “É fundamental avançar para sistemas de informação integrados que permitam decisões baseadas em evidência.”

A SPD lembra ainda que a diabetes representa até 0,6% do PIB nacional, reforçando que investir na prevenção e na gestão da doença é investir na sustentabilidade do sistema de saúde e na qualidade de vida da população. A nível global, a diabetes afeta atualmente cerca de 589 milhões de adultos, número que poderá ultrapassar os 800 milhões nas próximas décadas. Em Portugal, estima-se que 1,1 milhões de adultos vivam com a doença — uma realidade que, segundo a SPD, exige uma resposta urgente e estruturada de saúde pública.

SO/LUSA

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