Portugal registou mais de 1.600 mortes em excesso durante a epidemia de gripe e frio extremo no inverno de 2024/2025
O INSA reforça a importância da vigilância epidemiológica e da vacinação contra a gripe sazonal, alertando ainda que o vírus da gripe A(H5N1) "continua a constituir uma ameaça para a saúde pública”.

Portugal registou 1.609 óbitos em excesso, entre dezembro de 2024 e janeiro de 2025, um período marcado pela epidemia de gripe sazonal e por temperaturas extremas, segundo o Relatório Anual do Programa Nacional de Vigilância da Gripe e Outros Vírus Respiratórios (Pnvg), divulgado pelo Instituto Nacional de Saúde Dr. Ricardo Jorge (INSA).
O excesso de mortalidade foi registado entre as semanas de 23 a 29 de dezembro de 2024 e 20 a 26 de janeiro de 2025, coincidindo com o pico da epidemia e a vaga de frio que afetou o país. Segundo o relatório, o fenómeno atingiu sobretudo mulheres e pessoas com mais de 85 anos. “Este período foi coincidente com o período epidémico de gripe e com um período de temperaturas extremas”, refere o documento, apresentado na 11.ª Reunião da Vigilância Epidemiológica da Gripe e de Outros Vírus Respiratórios em Portugal.
O INSA destaca que outros países europeus também registaram excesso de mortalidade semelhante, possivelmente associado à gripe e às condições meteorológicas adversas. A época 2024/2025 caracterizou-se como “um período epidémico longo”, com maior atividade gripal entre dezembro de 2024 e março de 2025, atingindo o pico de casos entre 6 e 26 de janeiro.
De acordo com os dados das Redes Sentinela, a maioria dos casos de gripe ocorreu em pessoas com mais de 15 anos, embora a maior incidência tenha sido registada no grupo dos 5 aos 14 anos. Já os casos de covid-19 aumentaram com a idade, sendo mais frequentes no grupo etário dos 65 aos 79 anos (3,6%). A análise genética dos vírus SARS-CoV-2 mostrou a predominância da linhagem BA.2.86 (Ómicron), com várias linhagens a circular simultaneamente no país.
Durante o período em análise, os hospitais notificaram 125 casos de gripe que necessitaram de internamento em Unidades de Cuidados Intensivos (UCI). A maioria dos doentes eram homens com 55 ou mais anos, e 86,4% apresentavam doenças crónicas — sobretudo doença cardiovascular (33,6%), obesidade (25,8%) e diabetes (23,2%). Entre os doentes com informação vacinal disponível, apenas 31,7% estavam vacinados contra a gripe sazonal. O INSA refere que o perfil clínico observado em 2024/2025 foi semelhante ao das épocas pré-pandemia, indicando um “retorno às epidemias de gripe sazonal típicas”.
O relatório aponta ainda uma circulação alternada dos vírus da gripe tipo A e B, com o subtipo B/Victoria, predominante entre novembro e dezembro, e o tipo A, entre janeiro e maio. O subtipo A(H3N2) apresentou características genéticas distintas da estirpe vacinal, o que poderá ter implicações na próxima campanha de vacinação.
O INSA reforça a importância da vigilância epidemiológica e da vacinação contra a gripe sazonal, alertando ainda que o vírus da gripe A(H5N1) “continua a constituir uma ameaça para a saúde pública”.
SO/LUSA
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