24 Nov, 2025

Ordem dos Farmacêuticos defende reforço de registos e avaliação de medicamentos hospitalares

A Ordem dos Farmacêuticos apelou ao reforço dos registos clínicos e à avaliação sistemática de medicamentos hospitalares, depois de um índice revelar que 75% dos hospitais públicos não monitorizam os resultados das novas terapêuticas. A medida visa melhorar negociações e a sustentabilidade do SNS.

Ordem dos Farmacêuticos defende reforço de registos e avaliação de medicamentos hospitalares

A Ordem dos Farmacêuticos (OF) defendeu o reforço dos registos clínicos e da avaliação dos medicamentos hospitalares, após uma análise concluir que três em cada quatro hospitais públicos não monitorizam regularmente os resultados dos novos fármacos utilizados.

Segundo a OF, é necessário “adotar uma abordagem mais consistente e proativa na avaliação do impacto clínico de novas terapêuticas, de forma a garantir um financiamento adequado”.

Por outro lado, o bastonário, Helder Mota Filipe, citado em comunicado, afirma ser “fundamental reforçar a capacidade dos hospitais para gerar registos robustos e de qualidade, que permitam medir consumos e resultados com fiabilidade”.

“Só assim será possível melhorar os processos de negociação com a indústria farmacêutica e avançar para modelos de contratualização baseados em resultados ou partilha de risco, contribuindo para a sustentabilidade do Serviço Nacional de Saúde”, acrescentou.

De acordo com o Índex Nacional do Acesso ao Medicamento Hospitalar 2025, a que a Lusa teve acesso, três em cada quatro hospitais públicos não monitorizam de forma sistemática os resultados das novas terapêuticas que utilizam, situação que poderia gerar poupanças na despesa com medicamentos, que subiu 15% até setembro.

Os dados indicam ainda que a maioria dos hospitais também não reavalia uma nova terapêutica após a sua utilização — mecanismo que poderia ser vantajoso para a renegociação de preços com a indústria — e que 80% não fazem gestão de dados (efetividade e segurança) relativos ao uso dos medicamentos em contexto de vida real.

Segundo o Índex, promovido pela Associação Portuguesa de Farmacêuticos Hospitalares, 84% das instituições não dispõem de qualquer sistema integrado de gestão de dados clínicos, financeiros ou administrativos, que permitiria uma análise de custo e efetividade das intervenções em saúde.

O Índex, que avalia o nível de acesso aos medicamentos nos hospitais do Serviço Nacional de Saúde, recolheu também informação relativa à dispensa de fármacos em regime de proximidade, que abrange apenas 40% dos doentes que habitualmente levantam medicamentos no hospital — um resultado considerado “aquém do expectável” pelos especialistas.

O bastonário da Ordem dos Farmacêuticos defende que todos os hospitais “implementem este regime”, considerando fundamental “uma melhor articulação entre as entidades intervenientes no processo, bem como a simplificação de procedimentos burocráticos e logísticos”.

O regime de dispensa de medicamentos em proximidade pretende facilitar o acesso dos doentes a determinados fármacos em locais da sua preferência e mais próximos da residência habitual, como farmácias comunitárias, em alternativa à dispensa presencial na farmácia hospitalar.

LUSA/SO

Notícia relacionada

Bastonário dos Farmacêuticos alerta para subida da despesa com medicamentos e defende reforço dos genéricos

ler mais

Partilhe nas redes sociais:

ler mais