30 Out, 2025

Oito medidas do Plano de Emergência e Transformação da Saúde continuam por cumprir

O coordenador do grupo de trabalho que acompanha a execução do plano de saúde, Carlos Robalo, faz uma avaliação “com nota positiva, mas sem euforia”, reconhecendo, contudo, que “a ambição foi talvez demasiado alta”.

Oito medidas do Plano de Emergência e Transformação da Saúde continuam por cumprir

Oito medidas consideradas urgentes e prioritárias no âmbito do Plano de Emergência e Transformação da Saúde (PETS) continuam por cumprir, duas das quais já com mais de um ano de atraso, segundo o balanço mais recente. Em declarações à agência Lusa, o coordenador do grupo de trabalho que acompanha a execução do plano, Carlos Robalo, faz uma avaliação “com nota positiva, mas sem euforia”, reconhecendo, contudo, que “a ambição foi talvez demasiado alta”.

“Houve otimismo e a ambição é bem-vinda, mas se calhar foi muito alta”, admite o responsável, que considera necessário rever os prazos de algumas medidas, como a separação das especialidades de Ginecologia e Obstetrícia. “Vai ser impossível cumpri-la no prazo previsto”, sublinha. Outro exemplo é a desinstitucionalização de situações crónicas de saúde mental, uma das medidas urgentes que deveria ter sido concluída até agosto de 2024. Para Carlos Robalo, esta iniciativa deve ser “repensada” e reclassificada como uma medida estruturante, a médio e longo prazo: “Se se conseguisse até final da legislatura, já seria positivo”.

Apresentado a 29 de maio de 2024, o PETS está organizado em cinco eixos prioritários: Resposta a Tempo e Horas, Bebés e Mães em Segurança, Cuidados Urgentes e Emergentes, Saúde Próxima e Familiar e Saúde Mental. De acordo com o portal oficial de monitorização do plano, ainda não estão concluídas duas medidas urgentes (de um total de 15): a requalificação dos espaços dos serviços de urgência (geral e psiquiátrica); e a desinstitucionalização de situações crónicas em saúde mental.

Além destas, seis medidas prioritárias (de 26) continuam “em curso”: a definição de uma nova prioridade clínica para doentes oncológicos; a criação das Unidades de Saúde Familiar modelo C (USF-C); o reforço da resposta pública em parceria com o setor privado; o incentivo à adesão ao regime voluntário de carteira adicional de utentes; a implementação de programas estruturados de intervenção na ansiedade e depressão nos cuidados primários; e a criação de serviços regionais de saúde mental para internamento de doentes de elevada complexidade.

Apesar dos atrasos, o coordenador destaca os efeitos positivos já alcançados, nomeadamente a melhoria na capacidade de resposta do SNS e a criação dos Centros de Atendimento Clínico, que contribuíram para reduzir em 20% o tempo de espera nas urgências. Ainda assim, Carlos Robalo defende que é necessário “flexibilizar os contratos” para atrair e reter profissionais de saúde: “Os contratos fechados não servem as novas gerações, que valorizam mais o equilíbrio entre a vida profissional, pessoal e familiar.”

O responsável considera igualmente essencial melhorar a literacia em saúde e a comunicação com os cidadãos: “As pessoas têm de saber sempre onde recorrer e quando. O contacto prévio com os serviços é o que já se faz nos países mais evoluídos.”

O PETS, apresentado pelo Governo em 2024, visa reorganizar e modernizar o Serviço Nacional de Saúde através de medidas de curto, médio e longo prazo, com enfoque na redução de tempos de espera, melhoria da resposta em saúde mental e reforço da proximidade nos cuidados de saúde primários.

SO/LUSA

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