O segundo Natal do SARS-CoV-2
Interno de Medicina Geral e Familiar na USF Norton de Matos

O segundo Natal do SARS-CoV-2

Chegamos novamente ao mês de Dezembro, e as festas de natal, ameaçam de novo complicar o rumo desta pandemia. Devemos ter em conta, que o Natal não se constitui apenas pelo jantar no dia 24, e pelo almoço de dia 25, mas sim pelos numerosos contactos que vamos tendo ao longo destas semanas. Contactos com pessoas que conhecemos bem, como os amigos, os colegas de trabalho nos jantares da empresa, mas também, contactos com aqueles que não conhecemos de parte alguma, quer seja nas cerimónias religiosas, nos grandes centros comerciais, ou em qualquer outro tipo de eventos. Estes contactos, que tanto adiamos ao longo de todos estes meses, são o combustível perfeito para a transmissão do SARS-Cov2, de que todos já estamos fartos.

Depois de uma campanha de vacinação quase perfeita, Portugal encontra-se entre os países da europa com maior percentagem de pessoas com vacinação completa, o que nos permite apresentar um menor número de hospitalizações, pessoas em cuidados intensivos, e óbitos, do que na segunda onda, que foi avassaladora, e que se deu no período homólogo do ano passado. No entanto, a campanha de doses de reforço, parece avançar de forma muito lenta, o que é de lamentar. Temos de acelerar as terceiras doses, sobretudo nas pessoas com mais de 60 anos, já que é neste grupo em que se dão por norma a maioria dos casos graves, e são estes os que queremos evitar a todo o custo. Pois, esta quinta onda está a ser surpreendente, e conta já com mais casos activos do que a quarta onda, e continua a crescer, com o número de óbitos a acompanhar também esta subida, tal como na segunda onda.

Ainda que não seja consensual, a vacinação dos menores de 12 anos, apresenta uma enorme importância neste actual contexto pandémico. Embora seja pouco frequente a apresentação de formas graves nestas idades, estas crianças podem contrair a infeção, e transmiti-la a outras pessoas. Portanto, se queremos interromper a transmissão, e atingir a imunidade de grupo, as crianças têm inevitavelmente de ser incluídas nesta equação da campanha de vacinação.

Por outro lado, torna-se imprescindível o reforço e aposta nos cuidados de saúde primários, que são no actual momento, quem carrega grande parte do peso desta pandemia, quer seja pelo seguimento de casos positivos, pela emissão de certificados de incapacidade temporária, pedidos de teste PCR, mas também por toda a patologia infecciosa respiratória não covid, ou descompensação de patologias crónicas, que ficaram para trás devido à pandemia.

Não há interiores seguros, e devemos ao máximo evitar contactos, reforçar a importância do teletrabalho, usar máscaras sempre que possível, desinfectar as mãos várias vezes, ventilar os espaços fechados, e manter a distância de segurança sempre que não seja possível evitar estes espaços.

Toda a gente quer reunir-se com os seus entes queridos, e de uma vez por todas recuperar aquilo a que chamamos de normalidade, mas não tropecemos uma vez mais, na mesma pedra, e vamos tentar que neste Natal, as perdas sejam menores do que no Natal passado.

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