21 Jan, 2019

Números preocupantes: mortalidade infantil subiu 26% no ano passado

DGS desvaloriza e fala em estabilização. Bastonário dos médicos pede "apuramento rápido das causas" mas colégio de Pediatria da Ordem diz que é preciso esperar e avaliar com mais rigor os números.

No ano passado, a mortalidade de bebés com menos de um ano subiu 26%. Os dados são da Direção Geral de Saúde (DGS) e apontam para a morte de 289 bebés em 2018. Contudo, estes dados não foram ainda validados pelo INE e não têm ainda uma justificação, avança o jornal Correio da Manhã.

Segundo o jornal, registaram-se, de janeiro a dezembro do ano passado, 298 óbitos, mais do que 229 do ano anterior – o que representa um aumento de 26%. Estes dados marcam uma inversão de tendência: a mortalidade infantil estava em queda em Portugal desde a década de 60, tendo estabilizado em 2013.Em 2017, Portugal tinha registado menos 53 mortes de bebés com menos de um ano, quando comparado com 2016.

Fonte da DGS, citada pelo CM, refere que “os dados de 2018 ainda não estão devidamente tratados pelo INE e também ainda é prematuro avançar com uma justificação e com as causas de morte, o que só será possível depois de feita a sua avaliação, mas mesmo assim são números preocupantes”.

 

DGS fala em estabilização, apesar do aumento

 

Num comunicado publicado online, a DGS refere que “a mortalidade infantil é uma das melhores demonstrações da evolução qualitativa dos cuidados de saúde e das condições socioeconómicas em Portugal”. E recorda que, desde 2013, a média deste indicador em Portugal estabilizou, apresentando sempre valores próximos aos “3 óbitos por 1.000 nados-vivos”.

Contudo, verificou-se, também aqui, um aumento brusco em relação a 2017, tal como aconteceu com os números absolutos. Em 2018, a taxa ficou nos 3,28, muito superior aos 2,69 por mil nados vivos registados em 2017. No entanto, a DGS desvaloriza essa variação e tenta contextualizá-la recorrendo aos dados registados desde 2013: 2,88 óbitos em 2014; 2,96 em 2015; 3,24 em 2016; e 2,69 em 2017.

Confrontado com os dados, o colégio de Pediatria da Ordem dos Médicos diz que é preciso esperar e avaliar com maior rigor os números. Jorge Amil Dias, do Colégio de Pediatria, lembra que Portugal tem sido apontado como um exemplo nesta área e considera que ainda é cedo para tirar conclusões.

Em declarações à Antena 1, o médico entende que primeiro é preciso avaliar o que aconteceu, tendo em conta os vários fatores de risco e que, só depois de apuradas as causas, poderão ser tomadas medidas.

Contudo, a Ordem dos Médicos já veio pedir um “apuramento rápido” das causas do “aumento da mortalidade infantil”. O bastonário Miguel Guimarães considera que os dados, ainda preliminares, são “preocupantes”.

“A mortalidade infantil é um dos indicadores com evolução mais positiva no nosso país, motivo de referência a nível internacional. Sabemos que o aumento da idade média da maternidade e o maior recurso a tratamentos de fertilidade podem ter algum impacto negativo na mortalidade infantil. Ainda assim, este aumento merece uma rápida análise por parte do Ministério da Saúde para evitar um clima de desconfiança dos utentes em relação ao sistema de saúde”, refere a Ordem dos Médicos.

Saúde Online / Lusa

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