8 Fev, 2018

Mortes por intoxicação alcoólica ultrapassam os óbitos por overdose

Número de mortes por overdose baixou em 2016, enquanto as mortes por intoxicação alcoólica aumentaram. Diretor-geral do SICAD diz que é preocupante o aumento da mortalidade nas estradas relacionado com o álcool

O diretor-geral do Serviço de Intervenção nos Comportamentos Aditivos e nas Dependências (SICAD) considerou hoje preocupante o aumento do número de mortes por intoxicação aguda alcoólica, que em 2016 ultrapassou os óbitos por ‘overdose’ de substância ilícitas.

Dados do “Relatório Anual sobre A Situação do País em Matéria de Drogas e Toxicodependências 2016”, divulgados ontem na Assembleia da República, revelam que, em 2016, 45 pessoas morreram devido a intoxicação alcoólica e 27 por ‘overdose’ de substâncias ilícitas.

Em declarações à agência Lusa, o diretor-geral do SICAD, João Goulão, considerou “muito positiva” a redução de 33% do número de mortes por ‘overdose’ em 2016, face a 2015, sublinhando que Portugal tem das taxas mais reduzidas no contexto europeu.

Mas “qualquer subida de dois ou três casos tem um impacto em termos percentuais muito significativo e as curvas que traduzem essas tendências estavam a infletir no sentido de um aumento” nos últimos dois anos.

“Agora voltámos a ter uma diminuição, mas vamos ver porque é preciso uma série mais longa para perceber se a tendência é de subida ou descida”, disse João Goulão.

De qualquer forma, 27 mortes por ‘overdose’ de substâncias ilícitas é “um número francamente baixo”, mas “o nosso esforço será no sentido de deixem de ocorrer”, porque “cada vida conta”.

Por contraponto, “há um número maior de morte por ‘overdose’ de álcool”, disse João Goulão, observando que, neste momento, já “são mais do que aquelas que são ocasionadas pelas substâncias ilícitas”.

“É um dado preocupante, tal como é o facto de ter havido um aumento da mortalidade rodoviária relacionada com o uso do álcool”, salientou.

Mas também “é significativa” a percentagem de pessoas vítimas de acidente mortais que “tinham taxas de alcoolemia que caem já nos padrões da criminalização”.

Por outro lado, é igualmente “significativo o número de pessoas que foram vítimas de atropelamentos em alguns casos porque estavam alcoolizadas”.

“Temos tendência de pensar só nos condutores, mas o cidadão que se desloca na via pública também corre riscos se estiver sob o efeito do consumo excessivo de álcool”, advertiu João Goulão.

Para mudar estes comportamentos, João Goulão defendeu que tem de haver “um reforço na educação e formação dos cidadãos”.

“Cada vez mais nos focamos naquilo que é o bem-estar, a educação para a saúde, o desenvolvimento de hábitos de vida saudáveis e cada vez menos falamos de substâncias ilícitas” e das suas consequências lamentou.

João Goulão assinalou ainda o aumento das apreensões e das quantidades de canábis e de ‘ecstasy’ e a diminuição das apreensões e das quantidades de cocaína e de heroína.

Tal como desde 2005, em 2016, o número de apreensões de cocaína (1.130) foi superior ao de heroína, com um ligeiro acréscimo face a 2015 (5%).

LUSA/SO

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