Ministra da Saúde defende reforço dos cuidados domiciliários para travar internamentos sociais
A falta de vagas nas ERPI está a fazer aumentar os internamentos sociais. A ministra da Saúde reconhece que é um problema antigo, para o qual o Governo procura dar resposta, inclusive com novas formas de prestação de cuidados.

A ministra da Saúde, Ana Paula Martins, falando sobre internamentos sociais, realçou que é essencial levar os cuidados de saúde aos lares e às casas dos idosos para evitar o agravamento destes internamentos nos hospitais portugueses. A declaração surge após uma notícia do Público, que revela que 832 idosos permaneciam internados no final de outubro, apesar de terem alta clínica, por falta de vagas em estruturas residenciais. Segundo o jornal, as respostas da Segurança Social caíram para metade desde a pandemia.
Em resposta aos jornalistas, na Guarda, a ministra admitiu que o problema “não é novo”, mas sublinhou que o Governo está a trabalhar para expandir a oferta e reforçar o apoio domiciliário. “Há muitos anos que temos muitos casos sociais. O diagnóstico está feito. O Governo está a procurar encontrar mais espaços, mais lugares, mais apoio domiciliário. Mas ainda há muito trabalho a fazer, nomeadamente com os lares”, afirmou.
Ana Paula Martins defendeu que, em muitos casos, não é necessário retirar o idoso “do conforto da sua casa ou do lar”, graças às novas formas de prestação de cuidados. Contudo, reconheceu que esta transformação “não se ganha num ano, nem em dois ou três”, devido à fragilidade estrutural dos cuidados de longa duração.
Sobre os projetos de Estruturas Residenciais para Pessoas Idosas (ERPI) associados ao PRR, rejeitou que tenham sido abandonados por falta de financiamento, explicando antes que os atrasos e a baixa taxa de execução levaram algumas entidades a desistir, por não conseguirem cumprir os prazos. Ainda assim, garantiu que o financiamento disponível será aplicado na requalificação de unidades da Rede Nacional de Cuidados Continuados.
A ministra sublinhou também a necessidade de reforçar recursos humanos em todo o sistema de saúde, destacando o investimento nas equipas de cuidados domiciliários, incluindo Cuidados Paliativos e hospitalização domiciliária. Com o avanço tecnológico e a monitorização à distância, acredita que “daqui a dois ou três anos” poderá existir “um panorama diferente”. Face aos atrasos na entrada de idosos em lares — apenas 697 admissões pela Segurança Social até 22 de outubro — Lisboa, Porto e Setúbal são as regiões mais pressionadas. A falta de vagas está igualmente a bloquear camas hospitalares e a atrasar internamentos programados.
SO/LUSA
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