26 Nov, 2018

Médicos querem soluções alternativas ao serviço de urgência para doentes crónicos

Os médicos de medicina interna e medicina geral defendem soluções alternativas ao serviço de urgência, como hospitais de dia de horário alargado para o agravamento de doenças crónicas e a criação de centros de diagnóstico rápido.

Num comunicado conjunto, a Associação Portuguesa de Medicina Geral e Familiar (APMGF) e a Sociedade Portuguesa de Medicina Interna (SPMI) consideram que deveriam ainda ser criados centros específicos para casos sociais difíceis, assim como garantida a presença de um assistente social em cada serviço de urgência polivalente.

“Os SU [Serviços de Urgência] continuam a servir como centros de emergência para casos sociais e também para os doentes a aguardar vaga na Rede de Cuidados Continuados ou Paliativos. Nos últimos anos, em cada Inverno, a situação agrava-se e cria o caos nos SU, Hospitais e Centros de Saúde”, refere o comunicado.

Para resolver esta questão, a APMGF e a SPMI defendem que se deve dotar cada serviço de urgência “de um assistente social, com presença durante todo o horário de funcionamento do SU e com meios para resolução dos casos sociais, com recursos fora do hospital”.

As duas associações de médicos sublinham que, atualmente, “seis em cada dez cidadãos recorre ao serviço de urgência hospitalar, sendo Portugal o país da OCDE onde este recurso é mais frequente (o dobro da média dos países da OCDE)”.

“Cerca de 40 a 50% das admissões nos SU são por situações não urgentes, que podiam ser resolvidas fora destes serviços. O excesso de afluência aos serviços de urgência provoca que, em muitas situações, sejam ultrapassados os tempos de espera recomendados pela triagem de Manchester, o que põe em risco a segurança dos doentes e dos profissionais”, frisam.

Por outro lado, insistem, nos Centros de Saúde “assiste-se a solicitações para consulta nos períodos de Consulta Aberta e Consulta Aberta em Sistema de Intersubstituição, que não correspondem a doença aguda, o que gera uma incapacidade de resposta adequada aos utentes”.

“Existe uma falta de informação que ajude a população a utilizar os recursos de saúde de uma forma mais racional” e, simultaneamente, “um subfinanciamento e uma evidente falta de investimento nos Centros de Saúde e nos hospitais”, o que “condiciona uma inadequada resposta à doença aguda, induzindo graves disfunções no sistema”, consideram.

Para a APMGF e a SPMI, o Governo deve investir na promoção de campanhas públicas educativas que promovam o uso racional dos recursos de saúde e deve ser reformulado o modelo de financiamento dos hospitais.

“O atual modelo de financiamento dos hospitais deve ser discutido e reformulado, (…) devendo ser aumentados os valores de pagamento atribuídos aos doentes graves (Vermelhos, Laranjas e Amarelos na triagem de Manchester) e reduzidos os pagamentos aos azuis e verdes [menos graves]”, sugerem.

As duas associações defendem igualmente o cumprimento, por parte dos agrupamentos de centros de saúde e unidades locais de saúde, da decisão do regulador de adotarem um procedimento interno “que garanta um encaminhamento assente em critérios clínicos e permita a diferenciação entre o motivo de doença aguda e não aguda para efeito de atendimento não programado do cidadão no próprio dia”.

LUSA

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