Mais de 2.300 novos médicos iniciam escolha de vagas, mas Sindicato teme falta de preenchimento total
O Sindicato Independente dos Médicos alerta ainda para o “risco real de permanecer sem especialidade ao longo da vida profissional”, o que condiciona o desenvolvimento técnico, científico e remuneratório dos médicos e enfraquece a capacidade de resposta do SNS.

Mais de 2.300 novos médicos começaram esta semana a escolher as vagas para formação médica especializada, num processo que decorre até 29 de novembro, mas o Sindicato Independente dos Médicos (SIM) alerta para o risco de nem todos os lugares serem ocupados, apesar do número recorde disponibilizado. Em comunicado, o SIM lamenta que se repita a tendência dos últimos anos: “Infelizmente, o SIM antecipa que as vagas não venham todas a ser ocupadas, apesar do número historicamente elevado agora colocado a concurso.”
De acordo com a Administração Central do Sistema de Saúde (ACSS), estão disponíveis 2.323 vagas de especialidade nas unidades do Serviço Nacional de Saúde (SNS), às quais se somam mais oito lugares destinados aos ministérios da Defesa e da Administração Interna. Os médicos que agora escolhem iniciarão a formação especializada a 1 de janeiro de 2026.
O sindicato apelou aos 2.370 candidatos ao internato para que aproveitem as oportunidades abertas, sublinhando o aumento da capacidade formativa e o “esforço coletivo para melhorar as condições de entrada na especialidade”. “O aumento de vagas representa uma oportunidade concreta para reforçar o SNS e reduzir a crónica carência de especialistas em várias áreas”, destaca o SIM, admitindo porém que os novos médicos escolhem num “contexto particularmente exigente”.
Entre os problemas apontados estão cargas de trabalho elevadas, horas extraordinárias muitas vezes não remuneradas, autonomia assistencial precoce, pressão crescente nos serviços de urgência e custos pessoais elevados com formação. Estes fatores, afirma o sindicato, ajudam a explicar as “dúvidas legítimas” de muitos jovens médicos e reforçam a urgência de garantir condições formativas mais sólidas.
O SIM alerta ainda para o “risco real de permanecer sem especialidade ao longo da vida profissional”, o que condiciona o desenvolvimento técnico, científico e remuneratório dos médicos e enfraquece a capacidade de resposta do SNS. O sindicato afirma compreender as hesitações dos candidatos, mas reforça o apelo: “É precisamente por isso que pedimos que não desperdicem esta oportunidade de avançar na formação.”
Recorda igualmente os avanços alcançados na valorização remuneratória e na proteção do trabalho desenvolvido durante o internato, garantindo que irá contribuir para a futura revisão do regime de formação médica, em defesa de um “modelo mais justo, transparente e alinhado com as necessidades reais do SNS”.
Após anos sob responsabilidade das extintas administrações regionais de saúde, o processo de escolha das vagas voltou à tutela da ACSS. Este ano, a seleção decorre através de uma nova plataforma informática, desenvolvida no âmbito do projeto de desmaterialização do internato médico — uma mudança que, segundo a ACSS, representa um “passo importante” na modernização e simplificação dos procedimentos, garantindo maior eficiência e transparência.
SO/LUSA
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