Investigadores desenvolvem antioxidantes otimizados em cosméticos e fármacos para doenças neurodegenerativas

O projeto MitoSkin, criado por investigadores do Porto e Coimbra, está a desenvolver antioxidantes otimizados para atuarem no processo de “stress” oxidativo que está ligado a doenças neurodegenerativas, como o Alzheimer.

Embora a utilização de antioxidantes naturais ou sintéticos em produtos cosméticos seja “uma prática corrente”, o projeto MitoSKIN está centrado em desenvolver “antioxidantes otimizados”, que possam ser direcionados para um organelo celular específico, designado por mitocôndria, indicou o investigador José Feliciano Duarte, um dos fundadores.

As mitocôndrias “são responsáveis pela produção de energia nas células, através de um processo conhecido como ‘stress’ oxidativo, explicou o responsável pela comunicação e marketing do MitoSKIN, criado pela Universidade do Porto e pelo Centro de Neurociências e Biologia Celular da Universidade de Coimbra.

O ‘stress’ oxidativo, por sua vez, está diretamente envolvido em condições e doenças associadas ao envelhecimento, incluindo as alterações na pele, doenças neurodegenerativas (como a Esclerose Lateral Amiotrófica (ELA) ou a doença de Alzheimer) e doenças hepáticas (doença de Wilson ou o fígado gordo não alcoólico).

Segundo o responsável, os antioxidantes normalmente utilizados “não são direcionados especificamente para a mitocôndria, possuindo limitações, como a baixa penetração celular e uma ação não específica no interior das células”. De forma a evitar essas complicações, utilizam-se concentrações elevadas desses componentes, o que pode originar problemas secundários de origem alérgica e inflamatória.

Já os antioxidantes naturais, normalmente encontrados na dieta e otimizados neste projeto, são direcionados para as mitocôndrias, garantindo “a sua fácil penetração celular e acumulação efetiva no interior dos organelos celulares, onde exercem um efeito protetor específico contra o ‘stress’ oxidativo”, contou o investigador.

Os antioxidantes otimizados serão utilizados em produtos cosméticos, para prevenir e minimizar as situações de ‘stress’ oxidativo e retardar as alterações que ocorrem durante o processo de envelhecimento, como é o caso da perda de elasticidade e do aparecimento de rugas.

A médio e longo prazo, os investigadores pretendem igualmente aplicar os antioxidantes otimizados em fármacos para o tratamento de doenças neurodegenerativas e hepáticas, para as quais não existe atualmente um tratamento eficaz, através de um projeto mais abrangente, ao qual o MitoSKIN está associado.

“Os nossos antioxidantes possuem características que os tornam bons candidatos a fármacos para o tratamento dessas doenças, através da sua capacidade protetora da função mitocondrial, no caso de doenças como o Alzheimer, ou da capacidade de remoção de metais de transição acumulados em excesso nas mitocôndrias, no caso da doença de Wilson”, exemplificou.

Os estudos realizados pela equipa mostram que existe “uma vantagem clara exibida pelos antioxidantes otimizados, com acumulações específicas na mitocôndria cerca de cinco mil vezes superiores às dos antioxidantes tradicionais”, afirmou. Além disso, continuou, esses antioxidantes são duas a três vezes mais seguros do que os restantes e têm maior capacidade de remoção de metais de transição em excesso, que promovem ‘stress’ oxidativo.

Da equipa responsável pelo projeto fazem também parte investigadores do grupo de Química Medicinal do Centro de Investigação em Química da FCUP, coordenado pela professora Fernanda Borges, e investigadores do grupo MitoXT – Toxicologia Mitocondrial e Terapêutica Experimental, da Universidade de Coimbra, coordenado pelo professor Paulo Oliveira.

LUSA/SO

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