18 Dez, 2018

Haverá desemprego entre os médicos de família a partir de 2024

Estimativa é avançada pelo coordenador da reforma dos cuidados de saúde primários, Henrique Botelho, que refere ainda que existem mais de 680 mil portugueses sem médico de família.

O Coordenador nacional para a reforma dos cuidados de saúde primários alerta que, dentro de cinco anos, Portugal deverá começar a registar um excesso de médicos de família. Em entrevista ao jornal Público, Henrique Botelho explica a tendência com a diminuição das aposentações de médicos durante os próximos anos.

Em 2019, as aposentações de médicos de Medicina Geral e Familiar que vão atingir um pico: mais de 500 clínicos devem sair dos centros de saúde (este ano, a previsão aponta para a aposentação de pouco mais de 400). Se durante este ano e o próximo os médicos recém-formados não chegam para compensar os que se reformam, a situação vai começar a mudar dentro de três a quatro anos, quando começarem a entrar para o sistema mais médicos jovens e o número de aposentações começar a cair. “Até 2023, vão aposenta-se muitos. Em 2024 vamos ter abundância, o que corresponderá a desemprego na medicina geral e familiar”, diz Henrique Botelho.

Henrique Botelho avança que “o número de entradas de novos médicos (450 por ano) está uniforme” e revela que, neste momento, o número de portugueses sem médicos de família ascende a 680 mil. “Há 10.187.002 inscritos e há 5664 médicos”, diz.

Um dos principais problemas que o Coordenador para a reforma dos cuidados de saúde primários aponta é a assimetria na renovação dos quadros médicos. “Houve uma fase em que as faculdades estiveram quase fechadas e, por isso, não houve rejuvenescimento dos quadros durante um período considerável de tempo”, lembra.

Questionado sobre as críticas feitas aos vencimentos dos médicos que trabalham em USF modelo B (que chegam a ganhar mais de 6 mil euros mensais), Henrique Botelho rebate as críticas lembrando que “cerca de 50% desse dinheiro são descontos” e que estes clínicos “têm uma lista de utentes maior”. Nesta altura, adianta, cerca de 60% das unidades de cuidados de saúde primários já são USF (modelo A e B).

Henrique Botelho admite que 2017 foi o ano em que abriram menos USF mas garante que o objetivo do governo, de abrir 100 USF até ao final da legislatura, vai ser cumprido.

Saúde Online

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