17 Mai, 2023

Gestão em Saúde. “O grande desafio é continuar a garantir a acessibilidade às pessoas”

O 1º Congresso Internacional de Gestão em Saúde realiza-se entre 19 e 20 de maio no auditório Francisco de Assis, no Porto. Nuno Araújo, presidente da comissão organizadora, fala sobre o evento, que assinala as 20 edições do Executive Master em Gestão e Administração em Saúde da Cooperativa de Ensino Superior Politécnico e Universitário (CESPU).

Como surgiu a ideia deste primeiro Congresso?

Este congresso era um desafio que tínhamos já definido estrategicamente há algum tempo, mas que foi sendo adiado por vários motivos, entre eles a vivência pandémica. Optámos então por fazer eventos curtos, como webinars, em temas que na altura eram e são importantes. Fomos pioneiros em algumas destas dinâmicas durante o período pandémico. Após este período, uma das turmas do Executive Master da CESPU assumiu o desafio deste congresso, como um encontro de reflexão e debate importante e necessário.

 

Vão contar com oradores estrangeiros. Mais que falar sobre a atualidade, o evento é também uma oportunidade para se partilhar boas práticas?

Partilhar boas práticas e experiências organizativas de resposta às necessidades de saúde das pessoas. O grande desafio que temos é continuar a garantir a acessibilidade às pessoas, uma acessibilidade que seja sustentável. Este congresso é internacional porque, hoje, os problemas não existem só num contexto local ou nacional. Há aspetos que nos condicionam numa perspetiva global e que condicionam todos os setores da nossa vida. A saúde é um dos aspetos fundamentais que precisa de ser compreendida neste contexto global. Daí a necessidade de termos especialistas de referência nacionais e internacionais para haver esta complementaridade do ponto de vista do que fazemos, que estratégias podem existir.

“A grande questão que temos à nossa frente é a da sustentabilidade. Assumindo o compromisso inabalável da acessibilidade à saúde, temos de perceber como é que podemos contribuir para que o acesso seja sustentável”

Sustentabilidade, Descentralização e Financiamento são temas que estarão em debate. Estando na área da Gestão e Administração em Saúde, considera que estes são os três grandes desafios para qualquer gestor e administrador?

Sim, sem dúvida. A grande questão que temos à nossa frente é a da sustentabilidade. Assumindo o compromisso inabalável da acessibilidade à saúde, temos de perceber como é que podemos contribuir para que o acesso seja sustentável (nos moldes de qualidade, de acesso a cuidados, a fármacos, a tecnologia) que todos queremos. Estes novos desafios atuais colocam uma grande questão relacionada com a sustentabilidade dos sistemas de saúde e que tem de ser pensada e analisada. Temas como a descentralização, modelos organizativos – que é um tema de atualidade com as propostas sobre as Unidades Locais de Saúde –, o financiamento destas organizações, que estão presentes nas várias mesas do congresso, são muito necessários sob o ponto de vista do de debate, da reflexão, apresentação de ideias, porque não temos tempo a perder.

“Não, o problema não está só relacionado com a pouca autonomia das organizações”

Porquê? O problema está sobretudo na pouca autonomia, sobretudo no SNS?

Não, o problema não está só relacionado com a pouca autonomia das organizações. O problema está relacionado com o contexto, as alterações demográficas a que vamos assistindo, a evolução da tecnologia ou a disrupção farmacológica – temos fármacos cada vez mais diferenciados e diferenciadores -, com as comorbilidades. E estes aspetos efetivamente colocam em grande pressão a resposta que o sistema de saúde consegue dar. Neste momento, mais do que pensarmos que tipo de modelos organizacionais (públicos, privados, sociais) é que vão estar na resposta, o que interessa é garantir o acesso às pessoas de acordo com as suas necessidades. Esse é que deve ser o nosso foco.

 

Pode-se esperar um segundo Congresso no próximo ano?

Obviamente que sim. Todos os anos temos um ou dois eventos científicos associados a esta temática da gestão em saúde, que normalmente são dinamizados em associação com organizações onde damos formação, como dos Açores ou a ULS de Matosinhos, por exemplo. A nossa expectativa é que haja também um evento semelhante a este Congresso com uma periodicidade fixa.

Texto: Maria João Garcia
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