13 Mar, 2020

Encomendas das farmácias aumentam mas distribuidores diminuem entregas

As encomendas de medicamentos estão a aumentar, o que obrigou os distribuidores farmacêuticos a adotar medidas de gestão de stocks que assegurem o abastecimento.

A informação foi avançada pelo secretário-geral da Associação de Distribuidores Farmacêuticos (ADIFA), que desenvolveu um plano de continuidade e contingência para tentar assegurar o abastecimento atempado e contínuo das farmácias comunitárias em todo o território nacional, numa altura em que a epidemia Covid-19 fez aumentar o número de encomendas por parte das farmácias.

“Por um lado, as farmácias têm tido um pico de procura por parte dos cidadãos, por outro lado, são as próprias farmácias a fazerem atividade de prevenção e a aumentar os níveis de ‘stockagem’, o que é totalmente compreensível”, disse à Lusa Nuno Cardoso.

Face à evolução da emergência de saúde pública devido à pandemia causada pelo novo coronavírus, que se tem traduzido num “pico bastante mais elevado do que é habitual da procura, a ADIFA está a desenvolver esforços para garantir que o abastecimento continua a decorrer de forma contínua.

Nesse sentido, vai reduzir a frequência das entregas para duas vezes ao dia (suprimindo rotas adicionais), adaptando os recursos humanos, de forma a otimizar o serviço e mitigar risco de falhas.

 

“Duas entregas diárias são suficientes”, garantem distribuidores

 

De acordo com o responsável, esta gestão permite “aumentar a eficiência, já que duas entregas diárias são suficientes para as necessidades das farmácias”, e com essa redução de frequência é possível “garantir que a operação funcione de forma mais eficiente e limpa”.

“A nossa atividade estava num pico tão grande por causa desta quantidade relevante de aumento das encomendas por parte das farmácias que fazer três ou quatro encomendas diárias, com tudo o que envolve – preparar a encomenda, entregar às farmácias, a nível das rotas e afins – só ia resultar em entropia”, acrescentou.

Uma das principias preocupações do secretário geral é que não se abasteçam algumas farmácias em excesso, deixando outras em rutura de stock. “O que queremos é fazer uma gestão criteriosa, tentando dispersar ao máximo por todas as farmácias no território nacional”, afirmou.

Sobre a possibilidade de um aumento ainda maior da procura por parte dos cidadãos resultar em falta de medicamentos, Nuno Cardoso disse que, sendo impossível prever, neste momento o que pode garantir é que o “abastecimento tem funcionado” de forma similar ao que era antes.

No entanto, admite que sendo esta uma situação de crise, é preciso acompanhar dia a dia, até porque já houve “indicações da Agencia Europeia do Medicamento de que poderia haver falhas de medicamentos”.

 

Não há plano de contingência em caso de infeção em armazém

 

Os distribuidores farmacêuticos apelam também às autoridades de saúde para definirem um plano de contingência para este setor, de forma a que uma eventual infeção num armazém não implique a sua paragem e consequente quebra de abastecimento de farmácias.

Não há qualquer plano definido pelas autoridades de saúde, pelo que os distribuidores se mostram preocupados com a impossibilidade de assegurar o fornecimento de medicamentos ou dispositivos médicos, no caso de se verificar alguma situação de infeção, e apelam às autoridades, “nomeadamente à Direção-Geral da Saúde, para a adoção de um plano de contingência específico, em prol da saúde pública”, face ao surto de Covid-19, declarado como pandemia pela Organização Mundial da Saúde.

“No que diz respeito ao plano de contingência, o que nos preocupa é que a nossa atividade assegura a continuidade de abastecimento, pelo que os armazéns não podem parar a atividade. As nossas empresas adotaram planos com base nas recomendações, mas queremos que exista um plano de contingência específico das autoridades, para que no caso de infeção não seja colocada em causa a paragem de um armazém”, disse à Lusa.

Segundo o representante dos distribuidores, é fundamental “garantir uma atuação rápida e que os armazéns não sejam colocados em causa”.

SO/LUSA

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