Em Oncologia, “os enfermeiros são parte integrante da equipa multidisciplinar”
Raquel Chemela, enfermeira do IPO de Lisboa, fala sobre o papel dos enfermeiros que se especializam em Oncologia.
O SaúdeOnline está a acompanhar a par e passo o 19º Congresso Nacional de Oncologia, que decorre até sexta-feira, dia 18, na Alfândega do Porto.
“Os enfermeiros com competência em Oncologia têm de se afirmar enquanto profissionais de saúde essenciais numa equipa.” Quem o diz é Raquel Chemela, enfermeira no IPO de Lisboa e oradora da mesa sobre “Perspetivas Futuras para os Jovens Enfermeiros Oncologistas”, que vai decorrer, hoje, às 14h50.
A palestrante irá falar sobre o “Projeto ReCan”, uma iniciativa da European Oncology Nursing Society (EONS), que procurou saber se havia iniquidades na profissão de enfermagem em diferentes países europeus como na Estónia, Alemanha, Holanda e Reino Unido. “Havia, de facto, diferenças na forma como os doentes eram cuidados.”
A partir de então, decidiu-se conhecer melhor o contexto de cada país europeu e surgiu o European Cancer Nursing Index, que analisa alguns itens: educação e desenvolvimento da carreira de Enfermagem Oncológica, segurança ocupacional e do doente, reconhecimento da carreira, condições de trabalho/impacto e número de enfermeiros.
“No relatório de 2020, Portugal ficou a meio da tabela. Apesar de se destacar em termos formativos, o mesmo não aconteceu nos restantes itens”, afirmou a enfermeira em declarações ao SaúdeOnline.
Apesar de ainda haver “um longo caminho” a percorrer, reconheceu que já foram dados passos importantes, tais como a criação da pós-graduação em Enfermagem Oncológica, que conta com o apoio da Nova Medical School, assim como da competência por parte da Ordem dos Enfermeiros.
Falta otimizar o que está menos bem. “É preciso apostar, essencialmente, no nosso reconhecimento pela importância que temos junto dos doentes; o médico toma decisões terapêuticas, os enfermeiros capacitam os doentes a gerir sintomas da doença e promovem a sua autonomia.”
Este trabalho em equipa multidisciplinar é cada vez mais uma realidade, daí que Raquel Chemela defenda maior ênfase na formação. “Nos grandes centros hospitalares ou nos IPO, os enfermeiros conseguem pôr em prática os seus conhecimentos, mas a mesma oportunidade não é dada em todos os hospitais, principalmente aos jovens enfermeiros.”
Questionada sobre o reconhecimento interpares, a enfermeira não tem dúvidas de que o seu papel é cada vez mais valorizado. “Os médicos já nos veem como essenciais e exemplo disso é a nossa presença neste Congresso.”
Na mesa irão participar outros enfermeiros, como Sara Jácome e Maria José Dias, ficando a moderação a cargo de Ana Paula Amorim e João Céu.
SO