29 Out, 2019

Dia Mundial do AVC: “O AVC é mais grave que muitas formas de cancro”

O velho ditado "Mais vale prevenir do que remediar" é a principal mensagem da SPAVC, que dá sete dicas de possíveis alterações de rotina para reduzir o risco de AVC.

A Sociedade Portuguesa do Acidente Vascular Cerebral (SPAVC) junta-se à World Stroke Organization (WSO) para assinalar o Dia Mundial do AVC, que se comemora hoje, dia 29 de outubro. Neste âmbito, as autoridades de saúde realçam a importância de apostar na prevenção da doença vascular cerebral.

Uma em cada quatro pessoas está em risco de vir a sofrer um AVC ao longo da sua vida. Como explica o Prof. Vítor Tedim Cruz, Membro da Direção da Sociedade Portuguesa do AVC e Médico Neurologista, os AVC podem dividir-se em dois tipos: o AVC isquémico e o AVC hemorrágico, cujas prevalências são de 176 por cada 100 000 e 40 por cada 100 000 indivíduos por ano, respetivamente.

Faixas etárias mais preocupantes

 

Prof. Vítor Tedim Cruz

“Cerca de 10% ocorrem antes dos 54 anos, em plena idade laboral e de responsabilidades familiares; 15% ocorrem antes dos 65 anos e os restantes 85% depois dessa idade, representando a principal causa de perda de anos de vida saudável por incapacidade”, declara Vítor Cruz.

Os principais fatores de risco são, portanto, a idade, a hipertensão arterial, a dislipidemia (colesterol elevado), a Diabetes, a fibrilação auricular (arritmia cardíaca), a obesidade, o sedentarismo, os hábitos alcoólicos excessivos e o tabagismo.

No entanto, os últimos dados apontam para uma diminuição da mortalidade perante uma ocorrência de acidente vascular cerebral.

 

“Cerca de 50% das pessoas que sofrem um AVC poderão falecer até 5 anos depois de um AVC”

O neurologista explica que esta “ligeira redução da mortalidade” se deve, provavelmente, “devido à organização dos cuidados de fase aguda, VV de AVC [Via Verde do Acidente Vascular Cerebral] e às Unidades de AVC”. No entanto, alerta que existe a necessidade das pessoas compreenderem que “cerca de 50% das pessoas que sofrem um AVC poderão falecer até 5 anos depois de um AVC por repetição do AVC ou outras doenças vasculares associadas. Este valor torna o AVC mais grave do que muitas formas de cancro onde a sobrevida a cinco anos é muito melhor“.

Prof. José Castro Lopes

Também o presidente da Direção da SPAVC, o Prof. José Castro Lopes, concordou com o colega: “O AVC continua a ser a principal causa de mortalidade e incapacidade permanente no nosso país. Por hora, três portugueses são vítimas de um AVC. Destes, um deles não sobreviverá. Dos restantes, 50% ficará com incapacidade de grau variável”, adianta.

Por esse motivo, é de extrema importância reconhecer os sinais de um AVC e agir precocemente de forma a evitar sequelas graves. “É preciso reconhecer os sinais de alerta da SPAVC: qualquer início súbito de perda de força na face ou num braço ou alteração da fala. Se isto ocorre é emergente contactar o 112 e activar a Via Verde para o AVC”, avisa o Prof. Vítor Tedim Cruz.

Como nos explica o especialista em neurologia, o que falta fazer para baixar ainda mais a mortalidade e a incapacidade derivada destes acontecimentos cardiovasculares agora é “agarrar a prevenção como um desígnio, como o que de melhor podemos fazer pela nossa saúde pessoal e pela dos nossos familiares e amigos mais próximos. A prevenção, através da correcção dos principais factores de risco vasculares, é a única forma de reduzir a incidência e a mortalidade do AVC“.

É precisamente por essa razão que a campanha deste ano da SPAVC com a WSO, se foca na prevenção.

 

“Prevenir é melhor que tratar”

 

Sob o mote “Don’t be the one” (“Não seja essa pessoa”, em português), a WSO e a SPAVC recordam algumas medidas simples que podem contribuir para a prevenção do AVC:

  1. Medir regularmente e controlar a pressão arterial (PA), reduzindo a quantidade de sal nos alimentos (30% dos AVC podem ser prevenidos baixando a PA);
  2. Divulgar a necessidade de deixar de fumar – pode reduzir as probabilidade de ter um AVC em 35%;
  3. Controlar a diabetes e o colesterol;
  4. Praticar atividade física regular, combatendo o sedentarismo. Estima-se que 30 minutos de exercício diário diminuam o risco de AVC em 20%;
  5. Controlar o peso, pois a obesidade aumenta o risco vascular. É aconselhável aumentar o consumo de vegetais, mantendo uma dieta equilibrada.
  6. Detetar precocemente a fibrilhação auricular (FA), verificando periodicamente se as pulsações cardíacas são rítmicas, através da palpação do seu pulso. A FA aumenta o risco de AVC e necessita de medicação corretiva.
  7. Limitar o consumo de bebidas alcoólicas, visto que o álcool eleva a pressão sanguínea e aumenta o risco de AVC.

Por fim, o presidente da Direção da SPAVC sublinhou “que prevenir para evitar é melhor que tratar”, e  deixou um repto à população:

 

“A prevenção está nas vossas mãos. Sejam pró-ativos!”.

 

EQ/SO

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