Cuidados oncológicos com “distribuição muito assimétrica” em Portugal
Para a oncologista Sandra Bento, do Hospital de Santarém, “existe uma distribuição muito assimétrica de médicos oncologistas, principalmente nos hospitais mais periféricos do interior e do sul do país”.
“Desafios no tratamento oncológico associado ao código postal” foi uma das mesas do 19.º Congresso de Oncologia. Além das questões clínicas, os oncologistas estão preocupados com a equidade do acesso aos cuidados de saúde.
Para a oncologista Sandra Bento, do Hospital de Santarém, “existe uma distribuição muito assimétrica de médicos oncologistas, principalmente nos hospitais mais periféricos do interior e do sul do país”. Na sua intervenção, a especialista focou-se na questão dos cuidados, que idealmente devem ser prestados na proximidade, quando se trata de uma doença oncológica.
Na sua perspetiva, excetuando os casos mais complexos, que exigem um acompanhamento em centros de referência, a maioria poderia e deveria ser tratada num hospital mais próximo da área de residência.
“Seria importante a alocação de médicos oncologistas a hospitais fora dos grandes centros urbanos e elaborar parcerias para articulação entre as diferentes instituições. Só assim se conseguiria resolver o problema da acessibilidade, da qualidade, de cuidados de proximidade e, simultaneamente, aproveitar de uma forma mais eficaz os recursos existentes”, sublinhou a especialista, em declarações ao SaúdeOnline.
E deu como um exemplo possível de organização de cuidados em Oncologia, com vista a garantir tratamentos na proximidade e num contexto de escassez de oncologistas, a situação do Alentejo: “Existe o Serviço de Oncologia que se situa no Hospital de Évora, mas este articula-se com as restantes Unidades, garantindo uma abordagem e discussão em reunião multidisciplinar do caso clínico de cada doente e, possibilitando, depois, que o tratamento seja realizado em Santiago do Cacém ou Beja.”
Sandra Bento afirma que esta solução de realização de “tratamentos na proximidade” é viável e mais facilitada, se entre instituições houver alguma uniformização de protocolos terapêuticos. Mas, volta a enfatizar, é preciso “distribuir melhor os especialistas em Oncologia”.
A acompanhá-la na mesa estiveram outros oncologistas, mas também um cirurgião e um radiooncologista.
SO