Calendário de vacinação após os 65 anos diminui complicações e a despesa em Saúde
Um conjunto de 25 peritos do think thank +Longevidade defende a inclusão de um calendário vacinal para adultos no Programa Nacional de Vacinação. Além dos ganhos em saúde, o Estado também vai conseguir poupar 245 milhões de euros associados aos custos diretos e indiretos de doenças preveníveis.
“Os custos associados à vacinação são compensados pelos resultados obtidos pela imunização: menos hospitalização, menos admissões em cuidados intensivos e menos despesas com medicamentos.” As palavras são de Francisco George, presidente da Sociedade Portuguesa de Saúde Pública e chairman do +Longevidade.
O responsável defende “a cobertura vacinal equitativa” dos adultos com 65 anos ou mais anos , lembrando que Portugal é o 6.º país da OCDE com maior esperança média de vida após os 65 anos, mas também, é o 4.º pior em termos de anos de vida saudáveis. “Reduzir a morbilidade e a mortalidade por doenças evitáveis pela vacinação, em adultos e idosos, constitui, hoje, em Portugal, uma oportunidade que não pode ser ignorada, atendendo à magnitude da população residente com 65 e mais anos de idade”, diz.
De acordo com o relatório do +Longevidade, dar maior importância à vacinação deste grupo populacional é também uma forma de se evitar o gasto de 245 milhões de euros em custos diretos e indiretos para tratar patologias preveníveis por vacinação como a doença pneumocócica, gripe, HPV, herpes zoster (Zona) e vírus sincicial respiratório (VSR).
Os especialistas deste think tank recomendam que seja otimizada a cobertura vacinal nos adultos através da identificação dos pontos de check-up ou de sensibilização e incentivo à vacinação, que possam ser reforçados dentro e fora da rede de cuidados de saúde. Outra das ambições passa por incentivar uma maior capacitação do sistema de saúde para dar resposta aos desafios vacinais, em especial através do reforço da intervenção das Unidades de Cuidados na Comunidade (UCC) e das Unidades de Saúde Pública (USP) no contexto da rede de cuidados primários.
A definição de novos modelos de avaliação e financiamento público é também apontada como uma medida fundamental, sendo necessário que estes sejam adaptados à natureza específica das vacinas com indicação para adultos, potencialmente alinhados com indicadores de cobertura, ganhos em saúde e qualidade de vida. Neste âmbito, sugerem que haja um reforço de cooperação entre o INFARMED e a Direção-Geral da Saúde (DGS) na avaliação de cada vacina.
São propostas, entre outras medidas, a implementação de campanhas de comunicação e de sensibilização para a população, bem como “a segmentação populacional das narrativas e linhas de ação, com o objetivo de alinhar a estratégia de atuação com as necessidades de diferentes grupos populacionais”.
Os peritos do +Longevidade realçam, ainda, que Portugal é “dos poucos países da União Europeia onde não existe uma estratégia abrangente de vacinação especificamente dirigida ao adulto”. “O Estado, que já financia múltiplas ações de vacinação destinadas a adultos, tanto vacinas fornecidas gratuitamente a grupos de risco, como outras que são comparticipadas, terá, necessariamente, que garantir o desenvolvimento da Vacinação no Adulto, através do Orçamento de Estado”, conclui Francisco George.
O +Longevidade é um think thank dedicado à vacinação no adulto, coordenado pelo laboratório de investigação NOVA Center for Global Health da NOVA Information Management School. A iniciativa conta com a participação dos dois ex-ministros da saúde Luís Filipe Pereira e Adalberto Campos Fernandes.
MJG
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