15 Abr, 2021

As mulheres são quem mais sofre de alterações hormonais

A especialista em Endocrinologia Isabel Manita, reforça a necessidade de as mulheres realizarem uma função tiroideia com alguma regularidade, de modo a verificar os seus níveis hormonais.

A especialista em Endocrinologia Isabel Manita, reforça a necessidade de as mulheres realizarem uma função tiroideia com alguma regularidade, de modo a verificar os seus níveis hormonais. Tendo em conta que as desregulações das hormonas não apresentam sintomatologia como dor, os sinais de alerta do organismo podem ser facilmente ignorados.

 

Como é que a tiroide regula a manutenção das hormonas no organismo da mulher?

Na base do funcionamento humano, quer seja a nível cognitivo ou orgânico, existem hormonas muito importantes, como a hormona tiroideia, o cortisol, as hormonas sexuais, entre outras que regulam o nosso organismo.

Este sistema é regulado de uma forma muito lógica, numa base de um feedback negativo, isto é, quando existe uma baixa de hormonas existe um estímulo hipofisário, para estimular a produção dessas hormonas em défice.

Na mulher, especialmente no período da infância, é extremamente importante para o seu desenvolvimento a hormona tiroideia, o cortisol, bem como as hormonas sexuais. Quando as meninas chegam à fase da menarca – primeira menstruação –, que é desencadeada pelo aparecimento dos ciclos menstruais. Estas últimas hormonas são extremamente importantes, pois são elas que vão incitar ao desenvolvimento do seu organismo, no sentido do aparecimento dos caracteres sexuais secundários, bem como a manutenção da fertilidade.

Na Endocrinologia, como avaliamos todos estes eixos, todas as hormonas têm de estar a funcionar de uma forma síncrona.

 

A semelhança entre os sintomas do hipotiroidismo e o cansaço do dia-a-dia levam a um subdiagnóstico desta doença?

Cerca de 3% da população portuguesa sofre de hipotiroidismo, ainda que seja variável consoante a idade e mais prevalente a partir dos 60 anos. Mas, dado que o hipotiroidismo é uma doença muito prevalente na população – em especial no sexo feminino – e as principais manifestações são o cansaço, insónias e aumento de peso, estas podem ser facilmente desvalorizadas, tendo em conta as múltiplas atividades que as mulheres se focam tal como ser mãe e profissional na sua área.

Sobretudo no pós-parto também podem ocorrer estas alterações, com uma denominada “tiroidite pós-parto”, que muitas vezes se confunde com uma depressão pós-parto. É, por isso, muito importante que a mulher, após ter sido mãe, faça uma função tiroideia, para excluir disfunção tiroideia.

Também a partir dos 70 anos se pode dar esse aumento (os dados revelam aumentos nas probabilidades de 3% para 10%), portanto devem estar sempre alerta e, efetuar análises de função tiroideia (TSH e T4 Livre) anualmente.

 

Estas disfunções na tiroide podem provocar alterações noutros mecanismos do organismo?

A tiroide implica com todas as funções do organismo, ou seja, a hormona levotiroxina vai atuar a nível do sistema nervoso central, sendo de extrema importância na concentração, função cognitiva e na regulação da temperatura corporal. É, igualmente, importante na regulação do intestino, bem como no funcionamento cardíaco e função muscular

No fundo, sem a hormona tiroideia a função humana como um todo fica comprometida, pois o organismo deixa de conseguir funcionar.

Praticamente podemos afirmar que se a tiroide não estiver a desempenhar as suas funções em pleno, ficando todos os órgãos e sistemas comprometidos.

 

Quais os tipos de tratamento disponíveis?

Na Endocrinologia, a forma que temos de tratar os doentes é repondo o défice hormonal detetado. Neste caso, se o défice for de cortisol administramos terapêuticas co cortisol em doses de substituição; se estamos perante um hipotiroidismo repomos com hormona tiroideia, numa dose avaliada em análises periódicas; em relação ao hipertiroidismo, já estamos perante uma situação diferente, pois se estamos perante uma situação em que está a ser produzida hormona em excesso, temos que fazer uma terapêutica no sentido de reduzir a quantidade de hormona.

Daniela Tomé

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