14 Nov, 2022

A diabetes é a principal causa de doença renal crónica

As pessoas com diabetes têm maior risco de terem doença renal crónica, alerta Edgar Almeida, o presidente da Sociedade Portuguesa de Nefrologia.

Diabetes e doença renal crónica são duas doenças diferentes, mas quem tem o diagnóstico da primeira deve estar atenta à segunda e vice-versa, refere Edgar Almeida, presidente da Sociedade Portuguesa de Nefrologia. Isto porque “as pessoas com diabetes têm maior risco de terem doença renal crónica. Por outro lado, as pessoas com doença renal crónica já têm um risco elevado de morte e hospitalizações em qualquer fase da sua doença, pelo que a associação das duas doenças potencia extraordinariamente os riscos de eventos indesejáveis.” E é o especialista que avança os dados que confirmam esta relação perigosa: “em 2020, das 2101 pessoas que começaram a fazer diálise em Portugal, 722 tinham diabetes. Em 2020, cerca de 3549 pessoas, de um total de 12429, faziam diálise por serem diabéticas”.

De facto, reforça o médico, “a diabetes é a principal causa de doença renal crónica no mundo ocidental. O mau controlo da glicemia, quando persistente, provoca lesões em vários órgãos como os olhos, os vasos sanguíneos, os rins, etc”. No entanto, apesar de as pessoas saberem que “a diabetes aumenta o risco de cegueira, de amputações ou de enfartes do miocárdio, desconhecem que a doença renal crónica pode ser adicionada a todo este rol de patologias, com perda significativa da qualidade de vida se houver necessidade de fazer diálise”.

Para o especialista, “é importante que as pessoas saibam dos malefícios do tabaco, do consumo excessivo do sal, do álcool, do excesso de peso, etc. E, nesse contexto, o conhecimento sobre doenças prevalentes, como é o caso da diabetes, deve fazer parte da educação para a saúde que todos temos no ensino obrigatório. No entanto, após essa fase inicial de ensino, é importante que cada um se mantenha interessado em continuar a obter informação sobres esses temas ao longo da vida,  o que, infelizmente, nem sempre acontece e que leva à criação desses mitos”.

Edgar Almeida alerta ainda para o facto de “a lesão renal, nas fases iniciais, ser muito insidiosa. Apenas é detetável se estivermos atentos às alterações da composição da urina. Acresce que, em muitos casos, apesar de já estarem presentes, muitos profissionais de saúde não davam o devido valor às alterações. É necessário perceber que entre o surgimento destas alterações até à fase da irreversibilidade decorre um longo período. Pensamos que a deteção precoce destas alterações irá permitir introduzir medidas que retardam (ou até impedem) o aparecimento de lesões renais mais graves”.

É, por isso, importante que “os diabéticos sejam informados sobre os riscos de lesão dos órgãos-alvo em que se enquadra a doença renal crónica. Devem estar atentos aos sinais iniciais que surgem nas análises – aparecimento de proteínas na urina e subida dos valores da creatinina. Devem falar com o seu médico assistente sobre estes assuntos porque, recentemente, surgiram alguns medicamentos que podem ajudar a evitar a evolução para as fases mais avançadas da doença renal crónica”.

COMUNICADO

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