Presidente da ULS Amadora-Sintra demite-se após morte de grávida
O Conselho de Administração da ULS Amadora-Sintra explicou que, devido à ausência de um sistema de informação clínica totalmente integrado, só no domingo foi possível confirmar que a mulher grávida que morreu na passada sexta-feira na unidade, tinha acompanhamento desde julho de 2025, ao contrário do que foi dito nas horas a seguir.

O presidente do Conselho de Administração da ULS Amadora-Sintra apresentou a demissão na sequência da morte de uma grávida de 36 anos, ocorrida na passada sexta-feira, anunciou hoje a ministra da Saúde, Ana Paula Martins.
A governante revelou, no Porto, que o pedido de demissão foi apresentado no domingo, depois de ter constatado que as informações inicialmente transmitidas ao Ministério da Saúde sobre o caso eram incompletas. “No domingo, o senhor presidente do Conselho de Administração da ULS Amadora-Sintra informou-me de que uma parte da informação que me tinha sido dada era incompleta. Ou seja, a informação que eu tinha veiculado não era total, porque a grávida tinha, efetivamente, tido consultas de vigilância nos cuidados de saúde primários daquela mesma ULS”, afirmou a ministra, à margem de uma visita à empresa Sword Health.
Ana Paula Martins sublinhou que, “por se tratar de uma falha grave”, aceitou a demissão do responsável. “Exatamente porque esta falha é considerada grave, pôs o seu lugar à disposição e eu aceitei a demissão do presidente do Conselho de Administração”, acrescentou.
A ministra lamentou a morte da grávida e do bebé e explicou que, na sexta-feira, durante o debate do Orçamento do Estado para 2026, prestou aos deputados a informação que havia recebido da ULS Amadora-Sintra. “Foi a informação que me foi dada, que não me foi só dada a mim — foi dada a todos os portugueses através da comunicação social”, sublinhou, assegurando que tem “muito cuidado” com informações de natureza clínica, as quais “competem aos médicos e às equipas de saúde”.
Entretanto, o presidente demissionário da ULS Amadora-Sintra justificou a sua decisão com “um dever ético e de responsabilidade pessoal”, após uma análise detalhada dos factos relacionados com o caso. No domingo, a administração do Hospital Fernando Fonseca reconheceu que a grávida — que tinha tido alta dias antes de morrer — estava a ser acompanhada nos cuidados de saúde primários desde julho.
Em comunicado, o Conselho de Administração explicou que, devido à ausência de um sistema de informação clínica totalmente integrado, só no domingo foi possível confirmar que a utente tinha acompanhamento desde julho de 2025.
De acordo com a nota, a mulher realizou consultas de vigilância de gravidez em 14 de julho e 14 de agosto nos cuidados primários e consultas de Obstetrícia no Hospital Fernando Fonseca em 17 de setembro e 29 de outubro, dois dias antes de morrer. A administração sublinhou ainda que a informação sobre o acompanhamento clínico foi transmitida à ministra no domingo e que as declarações anteriores da governante, segundo as quais a mulher não teria tido acompanhamento, basearam-se no comunicado inicial da ULS, referente apenas ao episódio ocorrido no dia 31 de outubro.
SO/LUSA
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