15 Abr, 2021

16 mil vacinas atingiram prazo de validade e serão destruídas no Malawi

Apenas 46% das doses recebidas por este país africano, todas da AstraZeneca, já foram administradas.

Mais de 16 mil doses de vacina atingiram a data de validade e serão destruídas no Maláui, três semanas depois de terem chegado, anunciou hoje Charles Mwansambo, ministro da Saúde do pequeno país da África Austral, vizinho de Moçambique.

Das 102.000 doses de vacinas contra a covid-19 enviadas pela União Africana (UA), cerca de 16.400 não foram utilizadas e expiraram na terça-feira, anunciou Mwansambo, em declarações à agência France-Presse (AFP).

De um total de 530.000 doses recebidas no país através do programa Covax, Governo indiano e UA, todas produzidas pela AstraZeneca, 46% foram ministradas até agora, acrescentou o governante.

“Utilizámos a maior parte das vacinas enviadas pela UA. Na terça-feira, quando expiraram, restavam apenas 16.400, que não tinham sido utilizadas e que agora serão destruídas e deitados fora”, afirmou.

Desde o primeiro ciclo de vacinação em março, o Maláui vacinou 300.000 pessoas de um universo potencial de 11 milhões de pessoas, cerca de 60% da população, ainda de acordo com o ministro.

Chipiliro Chilinjala, um cidadão com 30 anos, admitiu à AFP que não tem “pressa” de ser vacinado. “Circulam muitas histórias estranhas. Quero ver as reações das primeiras pessoas vacinadas antes de ir”, disse.

O sociólogo Innocent Komwa confirmou à agência de notícias que a apatia com que foi recebida a campanha de vacinação se deve provavelmente à força das teorias da conspiração e da desinformação.

“No Maláui, temos muitos adultos que continuam bloqueados na fase contemplativa, que precisariam de um pequeno empurrão para se decidirem”, afirmou.

“Infelizmente, o Governo e os oficiais de saúde não têm feito muito para contrariar as notícias falsas, os rumores, especialmente em torno da AstraZeneca na Europa”, acrescentou.

O imunologista Gama Bandawe teme o impacto dos atrasos na campanha de vacinação em curso no país, em particular, quando a pandemia recuperar forças, provavelmente em meados do ano, segundo prevê.

“Estamos à espera de picos nas próximas seis a oito semanas. Vamos estar numa situação em que poderíamos realmente ter usado estas vacinas”, afirmou o especialista, que preside ao Departamento de Ciências Biológicas da Universidade de Ciência e Tecnologia do Maláui.

LUSA

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