30 Abr, 2020

Remdesivir com “resultados positivos” em doentes com Covid-19

Gilead divulgou resultados de dois estudos, com dados positivos e sem efeitos secundários. Um dos ensaios demonstrou o potencial do tratamento de 5 dias.

A farmacêutica norte-americana Gilead Sciences anunciou que o fármaco Remdesivir, que tem vindo a ser testado, teve bons resultados no tratamento de doentes com Covid-19.

“A Gilead Sciences está ciente dos dados positivos de um estudo conduzido pelo Instituto Nacional de Alergias e Doenças Infecciosas sobre o seu medicamento antiviral remdesivir para o tratamento da covid-19″, disse a empresa, em comunicado. A Gilead garante que o estudo, designado, NAID cumpriu o seu objetivo principal.

Num outro estudo, de fase III, o remdesivir foi avaliado em doentes hospitalizados com manifestações severas da doença em dois ciclos de tratamento: 5 e 10 dias. O estudo SIMPLE demonstrou que doentes que receberam um tratamento de 10 dias com remdesivir tiveram uma melhoria do seu estado clínico equivalente àqueles que foram submetidos a um tratamento de 5 dias.

Não foram identificados novos sinais de segurança com remdesivir em nenhum dos grupos de tratamento.

 

Tratamento de 5 dias é igualmente eficaz

 

“Vários estudos em simultâneo estão a ajudar a perceber se o remdesivir é um tratamento seguro e eficaz para a COVID-19 e qual a melhor forma de o utilizar,” afirmou Merdad Parsey, MD, PhD, Chief Medical Officer da Gilead Sciences. “Os resultados deste estudo complementam os dados do estudo controlado por placebo de remdesivir conduzido pelo National Institute of Allergy and Infectious Diseases (NIAID) e ajudam a estabelecer a duração ótima do tratamento com remdesivir. O estudo demonstra o potencial de alguns doentes poderem ser tratados com um regime de 5 dias, o que poderá aumentar significativamente o número de doentes a ser tratados com o nosso atual stock de remdesivir. Isto é particularmente importante no contexto de uma pandemia, para ajudar os hospitais e os profissionais de saúde a tratar mais doentes que necessitam de cuidados urgentes.”

Para poderem ser incluídos no estudo, os doentes deveriam ter evidência de pneumonia e níveis reduzidos de oxigénio que não exigissem ventilação mecânica no momento de entrada no estudo. A melhoria clínica foi definida como uma melhoria em dois ou mais pontos do início do tratamento, numa escala pré-definida de sete pontos, desde a alta hospitalar ao aumento dos níveis de suporte de oxigénio até à morte. Os doentes atingiam a recuperação clínica se já não necessitassem de suporte de oxigénio e cuidados médicos ou tivessem alta do hospital.

Neste estudo, o tempo para a melhoria clínica de 50% dos doentes foi de 10 dias no grupo de tratamento de 5 dias e de 11 dias no grupo de tratamento de 10 dias. Mais de metade dos doentes em ambos os grupos de tratamento tiveram alta hospitalar até ao 14º dia (tratamento 5 dias: 60.0%, n=120/200 vs. tratamento 10 dias: 52.3% n=103/197; p=0.14). Ao dia 14, 64.5 % (n=129/200) dos doentes no grupo de tratamento de 5 dias e 53.8 % (n=106/197) dos doentes no grupo de tratamento de 10 dias conseguiram recuperar.

Numa análise exploratória, os doentes do estudo que receberam remdesivir nos 10 dias seguintes ao início dos sintomas tiveram melhores resultados em comparação com os tratados após mais de 10 dias de sintomas. Reunindo os dados entre os grupos de tratamento, no 14º dia, 62% dos doentes tratados precocemente puderam ter alta do hospital, em comparação com 49% dos doentes que foram tratados mais tarde.

O remdesivir foi geralmente bem tolerado nos dois grupos de tratamento (5 e 10 dias). Os eventos adversos mais comuns que ocorreram em mais de 10% dos doentes de ambos os grupos foram náuseas (5 dias: 10.0%, n=20/200 vs. 10 dias: 8.6%, n=17/197) e insuficiência respiratória aguda (5 dias: 6.0%, n=12/200 vs. 10 dias: 10.7%, n= 21/197). Elevações da enzima hepática (ALT) de grau 3 ou superior ocorreram em 7.3% (n=28/385) dos doentes, com 3.0% (n=12/397) de doentes a descontinuar o tratamento com remdesivir por aumento dos parâmetros hepáticos.

SO/LUSA

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