Lápis Azul: Se os custos da saúde fossem como as promessas… ficaria “vacinado”!
O tempo passou e a evolução científica e a prática clínica colocou a avaliação dos tratamentos oncológicos muito para além dos ganhos em sobrevivência e/ou tempos livres da doença.
A inevitabilidade de uma sentença pelo conhecimento do diagnóstico mudou muito desde então.
Também os custos destas terapêuticas – e do contexto de doença base – cresceram e muito.
O chamado acesso aos medicamentos inovadores, onde os do cancro estão na primeira linha, por todas as razões, assume hoje foros de actualidade e controvérsia.
É claro que a inovação é entusiasmante e promissora, a questão é a que se relaciona de imediato com as ideias de acessibilidade e de reembolso ou comparticipação.
Em boa verdade o problema não é só com Portugal.
Todos os governos e médicos desejam e pretendem o melhor para os seus cidadãos e doentes, respectivamente.
É aqui que muitas vezes se encalha na discussão do custo-efectividade, como fazem os nossos aliados britânicos, ou do custo-benefício como acontece em Itália.
Aceito até que a ideia de estudos comparadores de não inferioridade possa ser posta em causa, salvo se do lado da balança pesarem outros factores como a da segurança farmacológica, da facilidade posológica ou de administração, da metabolização ou de interacções com alimentos ou medicamentos.
De facto, na oncologia, os medicamentos poderiam ser analisados na perspectiva única dos resultados nas taxas de sobrevida? Admito que sim, tendo em consideração o peso específico desta dimensão no cálculo de parâmetros como o “QALY” – Um Ano de Vida Ajustado pela Qualidade.
Terão os sistemas de saúde capacidade para suportar todo este crescimento nos custos? Duvido seriamente.
O financiamento precisa de ser controlado em sistemas públicos de saúde onde os gastos por falta de integração e continuidade de cuidados se repete no tempo.
Também creio que a selecção dos doentes precisa de ser mais bem calibrada numa direcção de personalização ou individualização das propostas de tratamento.
No plano do diagnóstico é provável que o sistema, em Portugal, possa ainda melhorar quer no sentido duma maior precocidade e referenciação adequada, quer no do controlo pelo funcionamento em centros específicos, com casuística e recursos para utilizações protocoladas e mensuráveis dos ganhos em saúde.
Infelizmente os custos da saúde não são como as promessas de políticos ditos decisores… embora o recente episódio dos deputados na Assembleia da República a decidirem práticas vacinais e a incorporação em programas nacionais me deixe vacinado e à espera das próximas cenas técnico-político-científicas!!!
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