Investigadores descobrem papel importante do “sexo” entre bactérias no intestino

Investigadores do Instituto Gulbenkian de Ciência (IGC) descobriram que o "sexo" entre bactérias tem um papel fundamental na evolução da flora intestinal, o que pode permitir novas abordagens terapêuticas.

O “sexo” entre bactérias é um processo de recombinação do material genético e é o primeiro mecanismo a determinar a evolução bacteriana na flora intestinal, diz o IGC num comunicado sobre a publicação do estudo na revista científica norte-americana Proceedings of the National Academy of Science.

O estudo foi liderado pela investigadora portuguesa Isabel Gordo, em colaboração com o investigador Michael Lassig, da Universidade de Colónia, na Alemanha.

Até agora sabia-se que, nos intestinos, as bactérias evoluem através de mutações que vão sofrendo e também se sabia que havia a transferência horizontal de genes. Mas segundo a investigadora Isabel Gordo, em declarações à Agência Lusa, não se sabia é que era tão rápido, e que “pode estar a acontecer nos intestinos a uma velocidade semanal”.

“A evolução por mutação também existe, mas esta pode ser tão ou mais rápida”, nas palavras da investigadora. A transferência horizontal de genes, ou “sexo” bacteriano, é o primeiro mecanismo evolutivo que impulsiona o ritmo da evolução bacteriana num intestino saudável, acrescenta o comunicado do Instituto.

Numa doença como a diarreia usa-se o tipo clássico de terapia com antibióticos ou um vírus para matar a bactéria. “Perceber que o vírus pode andar muito rapidamente de bactéria para bactéria pode por restrições a essa terapia”, disse Isabel Gordo.

O trabalho mostra, ressalvou, que esta passagem de vírus de uma bactéria para outra é muito comum, mas não diz como resolver o problema no caso de uma doença.

No comunicado, o Instituto Gulbenkian de Ciência explica que “esta investigação veio agora revelar que a evolução é acelerada através de um processo de recombinação, ou seja, através de “sexo” bacteriano, no qual o material genético é partilhado entre indivíduos não relacionados”.

“A transferência de material genético envolve vírus que infetam as bactérias e se integram no cromossoma bacteriano. Posteriormente podem passar essas informações genéticas, como por exemplo resistência a antibióticos ou genes de virulência, a outras bactérias na flora intestinal”, adianta o documento.

A investigação foi desenvolvida no Instituto Gulbenkian de Ciência em colaboração com a Universidade de Colónia, da Alemanha, e financiada pela Fundação para a Ciência e Tecnologia, pelo Deutsche Forschungs-gemeinschaft, e pela Global Grant for Gut Health-623877.

O Instituto Gulbenkian de Ciência faz parte da Fundação Calouste Gulbenkian. É um Instituto internacional dedicado à investigação biológica e biomédica, à formação pós-graduada inovadora e à transformação da sociedade através da ciência.

Lusa/SO

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