18 Ago, 2020

Covid-19: Mais de 600 ataques contra doentes e profissionais de saúde

Segundo dados do Comité Internacional da Cruz Vermelha, 67% dos ataques visam trabalhadores na área da Saúde. Maioria é motivada por desinformação e receio.

O Comité Internacional da Cruz Vermelha (CICV) alertou hoje que, no contexto da pandemia de Covid-19, já ocorreram mais de 600 incidentes violentos contra cuidadores, pacientes e estruturas médicas. O Comité pede um reforço do combate à desinformação e a garantia da segurança neste setor.

Em comunicado, o CICV informa que foram registados 611 incidentes, atos de violência, assédio e estigmatização, em mais de 40 países entre o início de fevereiro e o final de julho. Este número é ainda mais preocupante tendo em conta que se reporta apenas aos casos conhecidos, podendo ser muito maior.

Através da análise dos relatos, é possível que mais de 20% consistem em agressões físicas, 15% são atos de discriminação com base no medo e outros 15% são ataques verbais ou ameaças. Quanto aos ataques dirigidos a um indivíduo, observa-se que 67% visaram trabalhadores na área da Saúde, 22% doentes ou suspeitos de estarem doentes e 5% deslocados internos ou refugiados.

Perante esta situação, no contexto de pandemia vivido em todo o mundo, Maciej Polkowski, um dos responsáveis do Comité, lamenta que os profissionais de saúde tenham sido colocados “em perigo no momento em que eram mais necessários”.

Esperanza Martinez, chefe da Unidade de Saúde da CICV, acrescenta que este atos de violência, seja contra profissionais de saúde, seja contra doentes, “são muitas vezes motivados pelo medo de contrair o vírus e pela falta de conhecimentos básicos sobre a Covid-19”.

Desse modo, a maioria dos atos cometidos por pacientes ou respetivos familiares foi motivada por queixas relacionadas com a morte de um membro da família ou com o medo de ver morrer um familiar. Outro episódio recorrente é, após a morte de um doente, os familiares voltarem-se contra o pessoal de saúde ou contra as estruturas médicas se forçados a deixar os rituais fúnebres, por restrições impostas devido Covid-19.

Neste contexto, o CICV, que sublinha que estes “incidentes não são inevitáveis”, apela aos governos e comunidades no sentido de se lidar com a desinformação que contribui para estes incidentes e de se garantir que os profissionais de saúde podem trabalhar com segurança.

LUSA/SO

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