14 Mai, 2021

Cuidadores de doentes renais em hemodiálise sentem-se sobrecarregados

Estudo revelou um aumento do sofrimento emocional dos cuidadores familiares destes doentes durante a pandemia.

Investigadores do Centro de Investigação em Tecnologias e Serviços de Saúde (CINTESIS) concluíram que os cuidadores de doentes renais em hemodialise se sentem mais sobrecarregados e com maior dificuldade em dar resposta às exigências de cuidar devido à covid-19.

Em comunicado, o CINTESIS explica hoje que o estudo, publicado no Scandinavian Journal of Caring Sciences, revelou um aumento do sofrimento emocional dos cuidadores familiares destes doentes durante a pandemia da covid-19, em particular durante o confinamento.

A investigação, coordenada por Daniela Figueiredo, investigadora do CINTESIS na Universidade de Aveiro, foi desenvolvida em parceria com o REQUIMTE e a Universidade do Porto, contando com o financiamento do programa FEDER e da Fundação para a Ciência e Tecnologia (FCT).

De acordo com o centro, o aumento das responsabilidades assumidas nos cuidados prestados e a diminuição do apoio de outros familiares foram algumas das razões apresentadas pelos cuidadores, bem como o sentimento de “insegurança e o medo de ser infetado pelo SARS-CoV-2”.

Citados no documento, os autores do estudo afirmam que o confinamento aumentou o número de tarefas assumidas pelos cuidadores para minimizar a exposição dos doentes ao vírus, “como ir às compras, à farmácia ou assegurar o transporte de e para os centros de diálise”.

Além do medo de ser infetado ou a insegurança em relação ao futuro, estes cuidadores “acumulam outros fatores que os tornam mais suscetíveis a um declínio da sua saúde mental e qualidade de vida”, refere o CINTESIS, destacando a preocupação com o paciente em diálise, uma vez que a realização dos tratamentos dificulta o cumprimento das medidas de proteção.

“As pessoas com doença renal crónica em hemodiálise não podem ficar em casa durante o confinamento, para se protegerem do SARS-CoV-2. Estes doentes precisam de tratamento de substituição da função renal para sobreviverem, o que os obriga a deslocarem-se a um centro para fazerem diálise pelo menos três vezes por semana, durante quatro a cinco horas por dia”, esclarecem os investigadores.

Os cuidadores reportaram ainda “a necessidade de terem mais informação acerca das medidas adotadas pelos centros de diálise para fazerem face à pandemia, prevenirem a propagação do vírus e garantirem a segurança dos doentes”.

O CINTESIS salienta que os dados sugerem que é “preciso prestar mais atenção aos cuidados familiares para diminuir a sua sobrecarga e para melhorar a sua saúde mental” e acrescenta que um quarto dos cuidadores apresentava já “sintomas de depressão, problemas de sono e baixa qualidade de vida”.

A investigação surge no âmbito do projeto Together We Stand, que já lançou a primeira edição de programas psicoeducativos ‘online’ destinados a apoiar os doentes renais em hemodiálise e os seus familiares.

“Depois do sucesso desta edição inaugural, está prevista para o início de junho a abertura de uma segunda edição”, acrescenta o CINTESIS.

LUSA

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