Entrevista - Saúde Online https://saudeonline.pt/noticias/entrevista/ Notícias sobre saúde Thu, 25 Sep 2025 09:18:15 +0000 pt-PT hourly 1 https://saudeonline.pt/wp-content/uploads/2018/12/cropped-indentity-32x32.png Entrevista - Saúde Online https://saudeonline.pt/noticias/entrevista/ 32 32 “Todos os anos, cerca de 12 mil portugueses morrem devido ao tabaco” https://saudeonline.pt/todos-os-anos-cerca-de-12-mil-portugueses-morrem-devido-ao-tabaco/ https://saudeonline.pt/todos-os-anos-cerca-de-12-mil-portugueses-morrem-devido-ao-tabaco/#respond Fri, 26 Sep 2025 08:17:53 +0000 https://saudeonline.pt/?p=179101 O consumo de tabaco continua a ser um “problema significativo de saúde pública”, de acordo com Inês Luz, médica pneumologista do SAMS. No Dia do Ex-Fumador, a especialista alerta para os novos produtos de tabaco, que podem ser mais atrativos, e para a importância das consultas de cessação tabágica.

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O consumo de tabaco continua a ser um grave problema em Portugal?

O consumo de tabaco, em Portugal, continua a ser um problema significativo de saúde pública. Até 2014, mais de 20 % dos adultos fumavam, em 2019 essa percentagem baixou para 16,8 %, sinal de que o consumo de cigarro tradicional tem diminuído. Mas o problema não desapareceu, ganhou novas formas. O tabaco aquecido já conta com mais de 100 mil utilizadores e quase 5 % dos jovens que experimentaram fumar admitem tê-lo usado. Já os cigarros eletrónicos, cada vez mais populares, foram referidos por mais de 22 % dos adolescentes que experimentaram fumar ou vaporizar. O impacto na saúde é enorme e todos os anos cerca de 12 mil portugueses morrem devido ao tabaco, o que representa mais de uma em cada dez mortes no país. Cancro do pulmão, doenças cardiovasculares, acidente vascular cerebral (AVC) e doença pulmonar obstrutiva crónica (DPOC) estão entre as principais consequências.

 

Qual o impacto dos novos produtos de tabaco?

As novas formas de tabaco, como cigarros eletrónicos, tabaco aquecido e shisha, estão a ganhar popularidade, especialmente entre os jovens. Embora algumas sejam percebidas como “menos prejudiciais” ou “mais modernas”, estudos mostram vários impactos negativos. Por um lado, maior potencial de dependência, uma vez que muitos dispositivos liberam nicotina de forma mais eficiente, tornando-os muito viciantes, às vezes mais do que os cigarros tradicionais. Também o facto de terem um cheiro menos intenso e menor visibilidade de fumo, conduz a que os utilizadores tendam a fumar com mais frequência, sem perceberem a quantidade de nicotina que ingerem. Por outro lado, estes dispositivos são mais aceites socialmente, o que reduz a perceção de risco e facilita a experimentação, sobretudo em jovens.  Verifica-se ainda que o marketing e o design colorido ou tecnológico transformam o ato de fumar em algo “na moda”, atraindo quem nunca teria começado com cigarros tradicionais.

“Ao oferecer acompanhamento próximo, personalizado e gratuito, as consultas de cessação tabágica tornam o caminho para deixar de fumar menos solitário e muito mais eficaz”

Como avalia o acesso a consulta de cessação tabágica no Serviço Nacional de Saúde?

Deixar de fumar é um passo importante para a saúde e, em Portugal, existe apoio gratuito disponível, através das consultas de cessação tabágica do Serviço Nacional de Saúde (SNS). Estas consultas estão presentes em centros de saúde e hospitais por todo o país e normalmente o encaminhamento é feito pelo médico de família ou pelos médicos hospitalares que acompanham o utente. O acompanhamento estruturado aumenta significativamente as hipóteses de sucesso: a taxa de abstinência a um ano, com apoio profissional, é de 20 a 30 %, muito superior à tentativa de parar sozinho. O número de consultas no SNS tem vindo a crescer e, em 2022, realizaram-se mais de 32 mil consultas, confirmando que estas unidades continuam a ser um recurso essencial para quem quer abandonar o tabaco. Ao oferecer acompanhamento próximo, personalizado e gratuito, as consultas de cessação tabágica tornam o caminho para deixar de fumar menos solitário e muito mais eficaz.

“Existem algumas estratégias comprovadas que ajudam muito a reduzir o número de novos fumadores, como por exemplo o aumento do preço do tabaco, que dificulta o acesso, sobretudo para os mais jovens”

Todas as pessoas são diferentes, mas existem dicas universais que podem ajudar qualquer fumador a deixar de fumar?

Não existe um método único que funcione para todos, porque cada fumador é diferente. No entanto, quando há motivação real, há passos que aumentam significativamente as hipóteses de sucesso. Um dos mais importantes é procurar apoio gratuito, como as consultas de cessação tabágica do SNS, com médicos, enfermeiros e psicólogos que podem ajudar. Também existe medicação que facilita o processo de parar de fumar, ajudando a aliviar os sintomas de abstinência, e que pode ser usada sempre que necessário. É essencial, igualmente, fazer algumas mudanças de hábitos para evitar gatilhos e adotar um estilo de vida mais saudável. Por fim, definir uma data concreta para deixar de fumar e refletir sobre os motivos pessoais que motivam essa decisão são determinantes. Contar com o apoio de amigos, familiares ou grupos de entreajuda pode fazer toda a diferença, reforçando a motivação ao longo do processo. Com estes passos e o acompanhamento certo, deixar de fumar torna-se mais fácil e eficaz, mesmo sem existir uma fórmula única para todos.

 

Em termos de prevenção, o que pode ser feito, já que o melhor é sempre nunca chegar a experimentar um cigarro?

A melhor forma de combater o tabaco é impedir que alguém comece. Existem algumas estratégias comprovadas que ajudam muito a reduzir o número de novos fumadores, como por exemplo o aumento do preço do tabaco, que dificulta o acesso, sobretudo para os mais jovens. A criação de espaços livres de fumos, como escolas, transportes públicos, também contribui ao tornar o tabaco menos presente no dia a dia. A educação e a informação assumem um papel fundamental, pois as campanhas que mostram os riscos reais do tabagismo, com testemunhos de quem vive com doenças relacionadas contribuem para mostrar os perigos. Em paralelo, a proibição da publicidade e das promoções também reduz o apelo ao consumo. Por fim, crescer num ambiente familiar e social livre de tabaco faz toda a diferença, uma vez que reduz significativamente a probabilidade de um jovem começar a fumar.

 

Maria João Garcia

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“Queremos que o MyAstraZeneca.pt seja um verdadeiro hub de informação” https://saudeonline.pt/queremos-que-o-myastrazeneca-pt-seja-um-verdadeiro-hub-de-informacao/ https://saudeonline.pt/queremos-que-o-myastrazeneca-pt-seja-um-verdadeiro-hub-de-informacao/#respond Mon, 22 Sep 2025 14:08:23 +0000 https://saudeonline.pt/?p=178999 Hugo Martinho, medical & regulatory affairs director da AstraZeneca Portugal, sublinha que o novo portal MyAstraZeneca.pt, lançado recentemente, pretende ser uma plataforma exclusiva para profissionais de saúde, com conteúdos científicos robustos, atualizados e adaptados à prática clínica nacional.

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O que levou a AstraZeneca a lançar o portal MyAstraZeneca e qual é o objetivo principal desta plataforma em Portugal?

O portal MyAstraZeneca.pt surge na sequência do portal SaúdeFlix, que foi lançado há cerca de cinco anos, dada a necessidade de os profissionais de saúde terem acesso célere e centralizado à informação científica mais atual, bem como a importância crescente da comunicação digital em saúde.

Enquanto companhia farmacêutica, sabemos que o dia a dia dos profissionais de saúde é exigente e que o recurso a este tipo de plataformas pode ser particularmente útil e relevante. Foi nesse sentido que a AstraZeneca, a nível global, idealizou o portal MyAstraZeneca: um ecossistema digital que se integra de forma fluida na rotina dos profissionais, oferecendo conteúdos relevantes e ferramentas práticas, acessíveis em qualquer momento e em qualquer lugar.

Especificamente para Portugal, o portal MyAstraZeneca.pt faz parte deste ecossistema global, mas com conteúdos dirigidos à realidade da prática clínica nacional. Permite a atualização de conhecimentos, promove um canal de comunicação direto e eficaz com a AstraZeneca e tem como objetivo contribuir para melhores resultados em saúde e para a melhoria da prática clínica.

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Que recursos e funcionalidades distinguem este portal de outras ferramentas digitais já disponíveis para os profissionais de saúde?

O MyAstraZeneca.pt é uma plataforma direcionada exclusivamente para profissionais de saúde, com acesso mediante registo validado, garantindo a partilha de informação técnica e científica adequada a este público. Disponibiliza um vasto leque de conteúdos, que vão desde a área das vacinas e terapêuticas imunológicas, às doenças respiratórias, cardiovasculares, renais e metabólicas, bem como à oncologia — cobrindo assim grande parte das doenças crónicas em Portugal.

Os recursos incluem artigos científicos recentes, dados de estudos clínicos, informação sobre medicamentos, webinars educacionais, eventos científicos (passados e futuros), materiais de apoio para doentes e ferramentas úteis para a prática clínica, como calculadoras médicas ou guias práticos.

Um exemplo foi o lançamento recente do Guia Prático de Doenças Respiratórias, desenvolvido em parceria com a Associação Portuguesa de Medicina Geral e Familiar e a Sociedade Portuguesa de Pneumologia, disponível para download no portal e que tem tido grande interesse por parte da comunidade médica. Diria que o objetivo final do MyAstraZeneca.pt é constituir-se como um repositório de conhecimento robusto, atualizado e de fácil consulta para os profissionais de saúde em Portugal.

“Disponibiliza um vasto leque de conteúdos, que vão desde a área das vacinas e terapêuticas imunológicas, às doenças respiratórias, cardiovasculares, renais e metabólicas, bem como à oncologia” 

Em que áreas terapêuticas está atualmente focado e como poderá evoluir no futuro?

Os conteúdos estão organizados em torno das já referidas principais áreas terapêuticas da AstraZeneca, que abrangem os grandes desafios da medicina atual e continuarão a ser o foco, com atualizações contínuas e dinâmicas.

 

Como é que o portal pode apoiar os médicos e outros profissionais de saúde no seu dia a dia, em termos de acesso a informação científica ou formação contínua?

Há um compromisso da AstraZeneca em assegurar que a atualização seja contínua e dinâmica. Disponibiliza um vasto leque de conteúdos, que vão desde a área das vacinas e terapêuticas imunológicas, às doenças respiratórias, cardiovasculares, renais e metabólicas, bem como à oncologia

“Pretendemos que seja também um ponto de encontro entre ciência, medicina e impacto na vida dos doentes, refletindo o compromisso da AstraZeneca Portugal com a ciência”

Houve envolvimento direto dos profissionais de saúde no desenvolvimento ou na definição das necessidades a que o portal vem responder?

Sim. Quando desenhamos uma plataforma de atualização médica e científica, é fundamental contar com o conhecimento e a experiência de profissionais portugueses. Por isso, o MyAstraZeneca.pt conta também com a participação ativa de especialistas nacionais na criação e revisão de conteúdos, na moderação de webinars e mesas-redondas, bem como na redação de artigos de opinião.

Acreditamos que este portal pode ser um verdadeiro ponto de encontro da comunidade médica e científica, onde o conhecimento e a evidência mais recente se complementam com as melhores práticas clínicas e os avanços da medicina em Portugal.

 

Que impacto gostaria que este portal tivesse, a médio e longo prazo, na relação da AstraZeneca com a comunidade médica e na prática clínica?

Este é um portal inovador e bastante completo em termos de conteúdos. Do nosso ponto de vista, o MyAstraZeneca.pt poderá funcionar como um verdadeiro hub de informação, que contribua para uma melhor prática clínica e ajude os profissionais de saúde no seu dia-a-dia. Pretendemos que seja também um ponto de encontro entre ciência, medicina e impacto na vida dos doentes, refletindo o compromisso da AstraZeneca Portugal com a ciência, com a atualização contínua e com parcerias estratégicas no ecossistema de saúde.

SO

 

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Cancro do endométrio. “O sintoma que ocorre em cerca de 90% dos casos é a hemorragia vaginal anormal” https://saudeonline.pt/cancro-do-endometrio-o-sintoma-que-ocorre-em-cerca-de-90-dos-casos-e-a-hemorragia-vaginal-anormal/ https://saudeonline.pt/cancro-do-endometrio-o-sintoma-que-ocorre-em-cerca-de-90-dos-casos-e-a-hemorragia-vaginal-anormal/#respond Sat, 20 Sep 2025 08:51:55 +0000 https://saudeonline.pt/?p=178729 O cancro do endométrio está a aumentar e Mónica Nave alerta para o principal sintoma: hemorragia vaginal anormal. Em entrevista, a oncologista realça a importância da prevenção da obesidade, um dos principais fatores de risco deste cancro. A médica é uma das colaboradoras do novo Guia online “O que precisa de saber sobre o cancro do endométrio”, que conta com o apoio de várias entidades, como a Associação MOG – Movimento Oncológico Ginecológico.

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Hoje, 20 de setembro, assinala-se o Dia Mundial dos Cancros Ginecológicos. Qual a sua prevalência em Portugal? Tem-se registado um aumento?

Quando falamos em cancros ginecológicos, pensamos sobretudo em cancro do endométrio (ou do corpo do útero), cancro do colo do útero e cancro do ovário. São três tipos de cancro diferentes, com diferentes fatores de risco, diferentes incidências e mortalidade. A incidência de cancro do colo do útero e de cancro do ovário parecem vir a diminuir nos últimos tempos, bem como a mortalidade por estas causas; no entanto, quer a incidência quer a mortalidade por cancro do endométrio têm aumentado e as previsões são que, no futuro, esta tendência crescente continue e esta é uma das preocupações da comunidade científica dedicada a este assunto.

Foi lançado um Guia sobre cancro  do endométrio.  A quem se destina e qual o seu objetivo?

O Guia destina-se a doentes, familiares, cuidadores ou apenas pessoas que se interessem pelo tema “Cancro do Endométrio”. O objetivo foi criar uma fonte de informação pautada pelo rigor científico, mas com conteúdo com um cariz formativo e prático, escrito em linguagem acessível para a população em geral interessada no tema, versando vários aspetos desta doença, desde dados epidemiológicos e fatores de risco até à qualidade de vida, passando pelos tratamentos mais frequentemente usados e toxicidades expectáveis

 

O cancro do endométrio é o mais frequente, com cerca de 1400 novos casos anuais, sendo o quinto tumor mais comum entre as mulheres portuguesas, segundo o último Registo Oncológico Nacional. Quais os principais fatores de risco do cancro do endométrio?

Os principais fatores de risco associados a esta doença são a idade (quanto maior, maior o risco), a exposição prolongada no tempo a estrogénios (fisiológica ou exógena) e a obesidade. Sublinhamos este último, como um fator de risco modificável, mas que tem sido, nos últimos anos, responsável por um aumento de incidência desta doença.

“… na prevenção desta doença, importa sublinhar também a importância dos cuidados de saúde primários em relação à prevenção da obesidade, fator de risco potencialmente modificável”

Quais os principais sintomas?

O sintoma que ocorre em cerca de 90% dos casos de cancro do endométrio é a hemorragia vaginal anormal, seja porque acorre após a menopausa, seja em mulheres pré-menopáusicas (embora este tipo de cancro seja menos frequente nesta população), quando a menstruação se torna mais abundante ou quando há uma perda de sangue fora do período menstrual.

Quais são os tratamentos mais adequados e qual o prognóstico?

A cirurgia constitui o tratamento mais importante na maioria dos casos de cancro do endométrio, diagnosticados em fase precoce. Muitas vezes, de acordo com determinadas características da doença, é necessário complementar a cirurgia com radioterapia, quimioterapia, imunoterapia e, em casos muito selecionados, outros tratamentos sistémicos. Em fases avançadas de doença, a cirurgia pode não ter lugar e são então os tratamentos sistémicos (que chegam a todos os locais do organismo onde possam existir células de cancro) que se tornam os protagonistas (quimioterapia, imunoterapia, hormonoterapia e outros).

O ginecologista tem um papel importante, mas muitas mulheres são acompanhadas pelo médico de família. Qual o papel dos cuidados de saúde primários?

O papel dos cuidados de saúde primário é fundamental, na medida que a marcha diagnóstica se deve iniciar perante uma suspeita clínica de cancro do endométrio, ou seja, sempre que a mulher com perda vaginal anormal se queixa ao seu médico de família com este sintoma. Mais a montante, os cuidados de saúde primários exercem também um papel fundamental na educação da população em relação à importância de valorizar sintomas como a hemorragia vaginal ou outros. Mais a montante ainda, na prevenção desta doença, importa sublinhar também a importância dos cuidados de saúde primários em relação à prevenção da obesidade, fator de risco potencialmente modificável, através da promoção de estilos de vida saudáveis, nomeadamente em aspetos relacionados com uma alimentação equilibrada e a prática de exercício físico.

Maria João Garcia

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“Um médico nas ERPI deveria ser o grande coordenador dos cuidados” https://saudeonline.pt/um-medico-nas-erpi-deveria-ser-o-grande-coordenador-dos-cuidados/ https://saudeonline.pt/um-medico-nas-erpi-deveria-ser-o-grande-coordenador-dos-cuidados/#respond Thu, 18 Sep 2025 09:07:57 +0000 https://saudeonline.pt/?p=178741 No âmbito da 3.ª Reunião da Associação dos Médicos dos Idosos Institucionalizados (AMIDI), que se realiza a 20 de setembro, o seu presidente, Gorjão Clara, sublinha a urgência de melhorar a assistência prestada nas estruturas residenciais para idosos (ERPI). Em entrevista ao SaúdeOnline, o médico falou da necessidade de haver obrigatoriedade da presença médica nas instituições, do futuro da Geriatria em Portugal e das soluções para promover a qualidade de vida dos idosos institucionalizados.

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Quais são os principais objetivos da 3.ª Reunião da Associação dos Médicos dos Idosos Institucionalizados (AMIDI) e o que esperam alcançar com este evento?
Os objetivos da reunião coincidem com os da própria AMIDI. Antes de mais, pretende-se dar a conhecer a associação, criada em 2022 com o objetivo de otimizar a assistência nas ERPI (estruturas residenciais para idosos), os antigos lares. Pretendemos mostrar que a AMIDI está ativa e a trabalhar na formação de todos os que atuam nestas instituições, atualizando conhecimentos nas várias áreas do cuidado a idosos.

Como é sabido, a assistência prestada aos idosos não é a melhor e os lares enfrentam várias deficiências. Uma das principais é que nem todos têm contrato com médicos, uma vez que a lei não obriga.

Quero chamar a atenção para algo que considero impressionante: as ERPI multiplicaram-se nos últimos anos. Existem ERPI legais e clandestinas. Contudo, é impossível acabar com as clandestinas, porque não há destino para esses idosos. Nenhuma tem obrigatoriedade de contratar médicos. Porém, na nossa perspetiva, o médico deveria ser o “grande coordenador” de toda a assistência prestada nas ERPI.

Na Holanda, existe até a especialidade de “médico dos lares”. Em Portugal, apesar de já termos reunido com o Ministério da Saúde e com a Tutela da Solidariedade Social, não consegui que a legislação obrigasse à contratação de médicos.

 

Há alguma novidade ou tema específico que se destaca nesta edição?
Queremos trazer a experiência de Espanha, onde a contratação de médicos é obrigatória e proporcional ao número de camas da instituição. Teremos como convidada a professora Esther Lueje Alonso, que vai partilhar a realidade das ERPI espanholas.

Abordaremos ainda outros temas relevantes, como a utilização da Inteligência Artificial no apoio a idosos. Esta área não se relaciona tanto com as ERPI, mas com idosos que ainda vivem em casa, muitas vezes isolados, podendo ter, através de programas de Inteligência Artificial, apoio para não se sentirem sozinhos.

Também teremos temas como a disfagia – muitas vezes ignorada, mas com sérias consequências, como as pneumonias de aspiração – e a gestão da medicação nas ERPI.

Refletiremos sobre a elevada idade média atual dos idosos institucionalizados, que ronda os 86 anos, e sobre o aumento do número de comorbilidades nestes doentes.

 

Como referiu, a AMIDI tem defendido a obrigatoriedade de assistência médica nos lares. Além da questão da legislação, que outros obstáculos existem e como podem ser superados?
O maior obstáculo é a falta de legislação. O Ministério do Trabalho, Solidariedade e Segurança Social deveria garantir que, pelo menos nos lares legais, a contratação de médicos fosse obrigatória.

 

Quais são as principais condições de saúde que afetam os idosos institucionalizados?
A maioria destes doentes apresenta múltiplas patologias. Num estudo realizado há alguns anos, cada idoso internado apresentava em média 7,9 doenças concomitantes. Hoje, com a idade média de 86 anos, é difícil encontrar um idoso institucionalizado que não precise de acompanhamento médico regular. Além disso, cerca de 44% tem demência e 42% depende de terceiros para as atividades básicas da vida diária.

 

Além da questão da assistência médica, que medidas a AMIDI propõe para melhorar a qualidade de vida e o bem-estar dos idosos em instituições?
A primeira medida é mesmo garantir assistência médica permanente. Isso melhoraria a qualidade dos cuidados, a dignidade e reduziria a hospitalização desnecessária. É fundamental não esquecer que estas pessoas têm história, identidade e valor, e que devem ser tratadas com humanidade até ao fim da vida.

Um médico que trabalhe numa ERPI deve lá ir todos os dias e estar disponível sempre que chamado. Não pode acontecer que, como atualmente, os idosos sejam enviados para a urgência de um hospital, numa situação aguda. A presença do médico, além de melhorar os cuidados e o bem-estar dos idosos, evita ao Estado os custos da hospitalização que poderia ser prevenida com assistência adequada nas ERPI.

É impressionante o número de idosos que estão à espera, em média cinco meses, de uma vaga numa ERPI. Um internamento inapropriado num hospital acarreta quedas, infeções hospitalares, delírio, perda de autonomia motora, entre outros aspetos. Por isso, é urgente melhorar o número de instituições, garantir assistência médica cuidada e reduzir a hospitalização desnecessária.

Todos devemos ser tratados com humanidade até ao fim da vida. Este facto é frequentemente esquecido em muitas ERPI, onde se ignora quem a pessoa foi, o que pode ser muito frustrante e causa de depressão para os idosos institucionalizados.

 

Quais são os principais desafios na formação dos médicos para atender adequadamente os idosos institucionalizados?
Tive a sorte de ser o primeiro professor de Geriatria na Faculdade de Medicina de Lisboa, mas a resistência inicial foi grande. Muitos médicos defendiam que os idosos eram apenas “adultos velhos” e que bastava reduzir a dose dos medicamentos, o que revela ignorância. Os idosos têm especificidades próprias, tal como as crianças, o que justificou a criação da Pediatria há mais de 100 anos.

Portanto, a Geriatria deve existir em Portugal, tal como em todos os países civilizados, e é importante que, no futuro, a Ordem dos Médicos reconheça a especialidade.

Infelizmente, em Portugal existe apenas a competência em Geriatria e algumas formações pós-graduadas. Fundei, com outros colegas, o Núcleo de Estudos de Geriatria da Sociedade Portuguesa de Medicina Interna, que tem crescido em importância e que permite fazer formação pós-graduada.

Contudo, é necessário haver unidades de Geriatria nos hospitais, porque só o ensino prático permite formar médicos preparados para tratar estes doentes — uma luta que levei muitos anos até me reformar.

 

Como vê o futuro da Geriatria em Portugal?
Estou convicto de que vai singrar, porque é eficaz e necessária. A palavra “Geriatria” foi criada em 1908, existe há mais de 100 anos e expandiu-se em todo o mundo civilizado. Se se desenvolveu ao longo deste tempo nos outros países, também se desenvolverá em Portugal.

É urgente criar unidades nos hospitais e tornar o ensino obrigatório em todas as faculdades de Medicina, seguindo as recomendações da Organização Mundial de Saúde. Não podemos continuar a ser os últimos da Europa nesta área.

 

Sílvia Malheiro

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“A Hospitalização Domiciliária demonstra eficácia e eficiência e tem uma taxa de agrado acima dos 95%” https://saudeonline.pt/a-hospitalizacao-domiciliaria-demonstra-eficacia-e-eficiencia-e-tem-uma-taxa-de-agrado-acima-dos-95/ https://saudeonline.pt/a-hospitalizacao-domiciliaria-demonstra-eficacia-e-eficiencia-e-tem-uma-taxa-de-agrado-acima-dos-95/#respond Tue, 16 Sep 2025 09:31:40 +0000 https://saudeonline.pt/?p=178631 No ano em que se assinala uma década da primeira admissão em Hospitalização Domiciliária, e a poucos dias do 5.º Congresso Nacional da área, que decorre a 19 e 20 de setembro em Lagos, Olga Gonçalves, coordenadora do Núcleo de Estudos da Sociedade Portuguesa de Medicina Interna, destaca a expansão a todos os hospitais do SNS, a satisfação acima dos 95% e a promessa de um futuro ainda mais inovador e humano.

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O congresso assinala os 10 anos da primeira admissão em Hospitalização Domiciliária. Que balanço faz desta evolução no Serviço Nacional de Saúde (SNS)?
Um balanço francamente positivo e sustentador de esperança: o projeto de internar em casa com a qualidade do hospital e o conforto do domicílio, iniciado em 16 de novembro de 2015, está estendido a todos os hospitais do SNS (e algumas unidades privadas), demonstra eficácia e eficiência, tem uma taxa de agrado de doentes e famílias/cuidadores acima dos 95% e há um horizonte promissor de melhoria.

 

Quais foram os marcos mais relevantes e que impacto tiveram para os doentes e para os hospitais?
a) O início da atividade pela UHD do Hospital Garcia de Orta, em 2015

b) O suporte legislativo para a HD, a saber:
– Definição da estratégia nacional de implementação das UHD no SNS e o respetivo modelo de regulamento interno (princípios, regras de organização e funcionamento, bem como critérios de acesso e integração dos doentes em cuidados domiciliário) Despacho n.º 9323-A/2018, de 3 outubro.
– Definição da terapêutica, da monitorização, das equipas de saúde, da referenciação e dos critérios aplicáveis à HD – Norma de Orientação Clínica (NOC) n.º 020/2018, de 20 de dezembro de 2018, da Direção-Geral da Saúde (DGS).
– Promoção do consolidar e do desenvolvimento de UHD nos estabelecimentos hospitalares do SNS, com vista ao alargamento deste modelo de prestação de cuidados de saúde a todos os estabelecimentos hospitalares do SNS – Despacho n.º 12333/2019, de 23 de dezembro.
– Definição do processo para a construção do modelo de avaliação de desempenho das equipas dedicadas às UHD, organizadas em centros de responsabilidade integrado (CRI) no SNS – Despacho n.º 2870/2024, de 18 de março.
– Regulação do índice de desempenho de equipa que integra o CRI de HD, bem como os termos de atribuição dos incentivos institucionais Portaria n.º 310/2024/1, de 3 de dezembro.

c) A designação e a excelência do desempenho do Coordenador Nacional até maio de 2025, Dr. Delfim Rodrigues.

d) O entusiasmo, a dedicação e a partilha das equipas das UHD que permitiram rápida disseminação do modo concreto de atuação em HD e dos seus requisitos.

e) Os tempos de reflexão e debate alargado ocorridos (os Congressos Nacionais HD e os Encontros de HD).

 

Apesar de todos os hospitais do SNS já terem equipas de HD, que obstáculos ainda persistem na consolidação deste modelo?
Uma perfeita compreensão do que é a HD pelos decisores em algumas ULS, a necessidade de uma melhor divulgação intra-hospitalar e na comunidade, o desenvolvimento de protocolos de atuação, a escassez de cuidadores e a não-resposta social a este problema são os obstáculos de mais premente resolução.

 

Um dos temas da 5.ª edição do Congresso Nacional de Hospitalização Domiciliária é a criação de CRI em HD. Que mudanças concretas trarão para a autonomia e sustentabilidade das equipas?
Sendo a forma de viabilização do trabalho das Equipas das UHD que o Ministério promove para “cumprir o desempenho assistencial, no que à HD respeita, conforme determinado no quadro global de referência”, a organização em CRI é ainda pouco expressiva a nível nacional. A partilha de experiências pelas equipas já assim em funcionamento, durante o 5.º Congresso Nacional HD, será certamente oportunidade para esclarecer dúvidas e robustecer convicções.

 

Como está a decorrer a articulação com os Cuidados de Saúde Primários, no contexto das novas Unidades Locais de Saúde?
Embora absolutamente indispensável, decorre a um ritmo não acelerado. A este nível carecemos de mais concertada interação em benefício dos doentes.

 

Que papel pode a Hospitalização Domiciliária ter no futuro do SNS, em termos de inovação, eficiência e humanização dos cuidados?
Cabe-lhe o papel de ser a melhor – mais eficaz, eficiente e efetiva (como usava dizer o Dr. Delfim Rodrigues) – forma de ter tratamento de ordem hospitalar, na maioria de situações.

 

Sílvia Malheiro 

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Qual a prevalência do linfoma em Portugal?
Estima-se que, em Portugal, sejam diagnosticadas com linfoma 1700 pessoas por ano, baseado em dados da Direção-Geral da Saúde de 2015. A incidência e prevalência têm aumentado nos últimos anos, com os linfomas não-hodgkin a representarem o sétimo tipo de cancro mais incidente em Portugal em 2021, com 2239 novos casos diagnosticados. A prevalência é ligeiramente superior em homens e a partir dos 65 anos, mas afeta também mulheres e jovens. É raro nas crianças.

 

Quais os fatores de risco?
Os linfomas resultam de um acumular de mutações nos linfócitos, células do sistema imunitário. Em alguns tipos de linfoma pode haver um maior risco em familiares diretos de doentes, mas, em geral, os linfomas não têm componente hereditário. Algumas exposições ocupacionais podem aumentar o risco de linfomas, como a exposição a químicos e pesticidas. As pessoas que foram tratadas com quimioterapia ou radioterapia para outros cancros, que são imunodeprimidas por realizarem tratamentos imunossupressores, terem realizado um transplante de órgão sólido ou medula óssea ou terem infeção pelo vírus da imunodeficiência humana têm maior risco de desenvolver um linfoma.

 

Quais os principais desafios no diagnóstico. Ainda existe algum atraso, que poderá comprometer o prognóstico?
O diagnóstico de linfoma é realizado numa biópsia de um gânglio, massa ou tecido afetado, portanto na maioria dos casos só é realizado em meio hospitalar, após referenciação a consulta pelos médicos de família ou na sequência de um internamento. Este processo nem sempre é célere, pelo que o grande desafio é reduzir o tempo até diagnóstico, quer através da formação dos médicos de família, principais referenciadores, quer melhorando os tempos até realização de exames de estadiamento, biópsia e diagnóstico anatomo-patológico. A formação da população também é importante, para saberem que devem recorrer ao médico se detetarem aumento do volume ganglionar cervical, axilar ou inguinal ou se tiverem perda ponderal inexplicada, saciedade precoce ou sudorese noturna.

Nos linfomas agressivos, o atraso diagnóstico pode comprometer o prognóstico, uma vez que contribui para um diagnostico em estadio mais avançado e com maior volume tumoral. Também pode agravar o estado geral do doente, fazendo com que esteja mais dependente no momento do diagnóstico e tenha menos tolerância e mais complicações associadas à terapêutica.

 

Em algumas regiões há escassez de médicos de família. Estes problemas nos cuidados primários afetam os doentes, que acabam por chegar à consulta hospitalar numa fase tardia?
Sim. Obviamente, nesses casos o acesso à consulta de especialidade e ao diagnóstico é mais demorado e, por vezes, a porta de entrada no SNS é o Serviço de Urgência, onde recorrem quando os sintomas são incapacitantes ou o volume tumoral já é grande, o que não é desejável. Outros doentes recorrem à medicina privada, sendo diagnosticados e posteriormente encaminhados para o SNS se necessário.

 

Relativamente aos tratamentos, tem havido inovações, que permitem uma taxa de sobrevida maior e com qualidade de vida?
A evolução no tratamento dos linfomas nos últimos 10 anos foi espantosa, com aumento da sobrevivência global e da sobrevivência livre de linfoma na maioria dos tipos de linfoma. Adicionalmente, este aumento foi acompanhado, na maioria dos casos, de redução da toxicidade dos tratamentos, uma vez que atualmente utilizamos tratamentos dirigidos que são mais específicos para as células do linfoma ou linfócitos em geral, reduzindo a toxicidade noutros órgãos. Cada vez mais utilizamos a imunoterapia isolada ou em conjunto com quimioterapia e tratamentos que estimulam o próprio sistema imunitário do doente a reconhecer e atacar o linfoma. Cada vez menos doentes necessitam de realizar transplante de medula óssea autólogo ou alogénico.

 

Sílvia Malheiro

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