14 Fev, 2017

Vírus da gripe aviária detetado num terço dos mercados de uma cidade da China

O inverno e a primavera são normalmente as épocas mais propícias ao contágio humano, com a ocorrência de casos a levar ao abate das aves e ao encerramento de mercados de modo a conter a propagação do vírus

As autoridades da cidade de Guangzhou têm advertido a população para evitar o contato com aves vivas depois de uma amostra ter revelado a presença do vírus da gripe aviária num terço dos mercados da terceira maior cidade da China.

O alerta foi dado depois de o Centro de Prevenção e Controlo de Doenças de Guangzhou ter detetado, nas análises semanais, a presença da estirpe H7N9 em mais de 30% dos mercados locais de venda de aves de capoeira vivas.

O resultado das amostras desencadeou receios relativamente a um eventual surto de gripe aviária na cidade com uma população estimada em 17 milhões de habitantes.

Guangzhou anunciou no mês passado que iria suspender a venda de aves vivas em todos os mercados durante três dias por mês no primeiro trimestre do ano.

De acordo com o jornal South China Morning Post, que cita declarações de uma fonte oficial aos ‘media’ locais, foram diagnosticadas 35 pessoas com o vírus nos últimos três anos na cidade, das quais mais de metade morreram.

O Centro de Prevenção e Controlo de Doenças da China advertiu, em janeiro, que espera um maior número de casos e em mais zonas do que em anos anteriores.

Segundo dados reproduzidos na sexta-feira pelos Serviços de Saúde de Macau, a partir de informações das entidades congéneres, entre 30 de janeiro e 5 de fevereiro, foram registados 45 novos casos de infeção humana pelo vírus da gripe aviária H7N9, incluindo quatro na província de Guangdong.

O jornal oficial China Daily noticiou no sábado, sem facultar fonte, que foram registados mais de 130 casos no primeiro mês do ano, dos quais 24 se revelaram mortais.

Na Região Administrativa Especial de Macau, que registou a 14 de dezembro o seu primeiro caso de infeção humana, foram abatidas, desde o início do ano, 28.641 aves de capoeira, na sequência de testes positivos a 26 de janeiro (véspera do Ano Novo Chinês, período em que a galinha tem lugar de honra na mesa) e 3 de fevereiro.

Apesar dos recentes surtos nos mercados locais, que levaram à suspensão da venda durante alguns dias em Macau, as autoridades decidiram manter a venda de aves vivas.

A secretária para a Administração e Justiça, Sónia Chan, afirmou que “o Governo pondera acelerar os trabalhos” para substituir a venda de aves de capoeira vivas por refrigeradas, mas admitiu não haver ainda um calendário para a medida, apesar de a qualificar como uma prioridade na agenda do Governo.

Macau importa em média 8.000 galinhas por mês, segundo indicou em junho do ano passado o Instituto para os Assuntos Cívicos e Municipais.

Os dados foram facultados aquando da apresentação dos resultados de um estudo destinado a avaliar a reação do público à medida que o governo da Região Administrativa Especial chinesa pretende aplicar para prevenir surtos de gripe aviária.

Segundo os resultados desse estudo, anterior ao registo do primeiro caso de contágio humano local, quatro em cada dez residentes de Macau opunham-se ao fim da venda de aves vivas nos mercados locais.

O inquérito, realizado no fim de 2015 pelo Instituto Politécnico de Macau e que cobriu também as preferências de consumo e os hábitos de compra, indicava ainda que dois terços dos entrevistados (67%) consumiam mais aves vivas “por causa do seu gosto particular e dos efeitos organoléticos no paladar”; e que mais de metade (53%) compravam sempre galinhas acabadas de abater nos mercados.

O relatório do estudo de opinião pública correlacionou ainda o nível de conhecimento sobre os riscos de saúde com a posição manifestada pelos entrevistados.

LUSA/SO

 

Gedeon Richter

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